Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Falares


Quero pelo menos desejar
Um dia, de novo, te amar
Refazer tudo o que fizemos
Desde que nos envolvemos.
Não ter que se arrepender
Do fogo do nosso prazer
Arder e deixar queimar
Em nosso jeito de amar.
Há um fio que nos aperta
E nos deixa em pleno alerta
Pelo tanto que nos envolvemos
Temos prova que nos queremos.
No toque, na troca de olhares
No tom dos nossos falares
Nossas carnes ainda ardem
Até quando não se sabe.


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