Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

domingo, 19 de abril de 2020

Meu leito

Quero me debruçar sobre o teu peito
Teu corpo me servir de leito
Provar de todo o teu feito
E que sintas como me deleito.
Apenas em sentir que sentes,
Os mais doces e inocentes
Toques dos meus finos dentes:
Loucos, somos dois dementes.
Às vezes, inteiramente insensatos
Somos feitos cães e gatos
Atropelamos o amor com fatos
Em outras, fazemos churrascos.
Para comemorar o feito
Fruto de todo o efeito
Teu peito volta a ser meu leito
Amo esse teu modo, o teu jeito.

Nenhum comentário:

Postar um comentário