Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

sexta-feira, 17 de julho de 2020

Estupefação

Consegues ter noção
Do tamanho da decepção
E da estupefação,
Que você me provocou
Quando se recusou?
De mim fez pouco caso
Nem quis entrar no meu carro
Sua teimosa meninice
Desfez TUDO o que me disse.
Foi uma atitude de criança,
Pareceu mais tola vingança
De quem se sentiu contrariada
Por algo que não concordava.
O fato de pensarmos diferente
Não nos pode deixar doentes
E ponto de perdermos a razão:
Daí a minha estupefação!
Tudo passa, passaremos
Um dia, esqueceremos
Quem sabe, lá no futuro
Haja um lugar mais seguro.
Que o amor possa vencer
A dor funda que sinto agora
Dói mais de o quê seja doer
Por ter vindo de você.



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