Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

domingo, 6 de março de 2011

Guerreira

A morte por perto.
Transpôs teu corpo.
Alojou-se em teus pulmões.
Espalhou-se.
Em nódulos
Em doses
De tristeza
De terror.
Fez o que pode
Pra te levar.
Tirar do meio de nós.
Queria deixar só lembranças.
Descrenças.
Desesperança.
Perdeu!
Coragem em punho.
Força em riste
Você resiste.
Cabelos perdidos.
Dignidade mantida.
Raça divina.
Força heroína.
Voz de menina.
Jeito criança.
Encantas.
Nasces de novo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário