Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Leveza


Sinto-me como plumas
A sobrevoar dunas
Senhoras do intenso vento
Donas do teu pensamento.
Saber que estou em ti
Todas as horas do dia
Transforma tudo em mim
Cultiva a minha alegria.
Um leve pulsar de corpos
Revela o que é só nosso
Mais íntimo segredo.
Almas que se entregaram
Corpos inteiros grudaram-se
Ostras espalham-se sem medo.
Do mar trago conchas
De ti mordo as coxas
Cada grão de areia
É pedaço do amor que nos enlameia.
Espalha-se, corpos em brasa
A queimar de pavio a fio
Distantes somos dois animais
A viver em eterno cio.
De perto somos dois bichos
A não controlar os esguichos
Leves, soltos, naturais
Dos instintos viscerais.
Insaciável desejo de ti
Loucuras que jamais senti
Incansável, encantado delírio
Tê-la, pra sempre, comigo.

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