Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Imaginária

Vejo-te desfilar como em uma passarela
Imaginária, a me provocar
Até teu andar me alucina
Deixa-me louco para te amar.
E no desfile tirar a tua roupa
Imaginá-la, nua, em pelo
Dar vazão a minha vontade louca
Ser hoje teu homem e para sempre sê-lo.
Tê-la não apenas à distância
Como um desses cursos pós-modernos
Poder amá-la em plena constância
Com anotações nos velhos cadernos.
Apontamentos de um amor improvável
Por assim sê-lo, inacreditável
Inigualável, porém, ao vivê-lo
Nada seria se não pudesse tê-lo.


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