Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

domingo, 2 de julho de 2017

Infindáveis

Quando você diz que me ama
Esqueço o que dói e inflama
O que maltrata e dá saudade
Creio, de novo, na felicidade.
É da renovada crença
Que o amor se alimenta
E tira forças impensáveis
Das lembranças infindáveis.
Daqueles momentos vividos
Que jamais serão esquecidos
Por mais que em outra cama
Você nem lembre que me ama.
E mesmo assim eu aceito
A dor cravada no peito
De pensar que outro faz contigo
TUDO o que fazes comigo.
Essa dor também é infindável
Algo, assim, lastimável:
Que, às vezes, tenho vontade
De viver só da saudade.


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