Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

terça-feira, 10 de março de 2020

Farpas

Temos trocado farpas
Nosso amor pede arpas
Músicas em tons divinais
É o que precisamos mais.
Ferimos, somos feridos
Atingimos, atingidos
Chumbo trocado dói
E o amor se corrói.
Calam dos anjos as arpas
No feito, enfiamos estacas
O nosso amor definha
A tristeza se avizinha.
TUDO o que digo, a ti fere
Uma dor em nós emerge
O sangue jorra, não estanca
Perdi toda a esperança.
Peito aberto, coração partido
Oro aos céus, desiludido
Oh pai, será eterna a dor
De não ter mais o teu amor?

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