Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quarta-feira, 25 de março de 2020

Isolamento

Aprendi com você
Tudo é o modo de se dizer
Ainda estou estupefacto
Com o tom de o quê foi falado.
Manter o isolamento social
Que seja ele total
É remédio muito duro:
O que me deixa seguro.
Quero preservar o respeito
Sempre toda admiração
A continuar desse jeito
Restará muita decepção.
Olho para o firmamento
Mantenho-me em isolamento
TUDO para preservar
O que me fez te amar.
Que fique ao menos a lembrança
De o quê foi muita esperança
Para não vir a fenecer
O amor que tenho por você:
Estará em quarentena
A tentar entender a cena
É melhor ficar isolado
Que magoar e ser magoado.

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