Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Pleno direito


Quero exercer o meu pleno direito
De me afogar em teu peito
Livre, sem nenhuma amarra
A te amar em cada canto da casa.
Ser teu bicho de estimação
Razão da tua imensa paixão
Voltar ao útero e sair de coleira
Ser dominado por você inteira.
Sem ter vergonha de me entregar
De revelar o quanto te amo
A cidadania que tanto reclamo
É te amar inteira e poder demonstrar.
Nesse nosso intenso processo de entrega
Respiras ofegante, um tanto quanto sôfrega
A também exercer o teu pleno direito
De se aprisionar no espaço do meu leito.
Ainda que esse leito seja o chão da casa
Ou uma esquina escura, um canto da rua
Quero-te pra mim, completamente nua
Mansa e inteiramente em mim se agasalha.
E me aprisionas inteiro na boca
Tenho o pleno direito de me libertar
O prazer é tanto que não me sufoca
Exerça seu direito de me amarrar.

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