Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Desolamento

É de partir o coração
A dor parece não ter cura
Quando aquele amor inabalável
Não aguenta a primeira fissura.
Deixa-nos destroçados
Feridos de corpo inteiro
Passo a viver desolado
Choro por dentro o dia inteiro.
O amor que era o mais lindo
E pareceria verdadeiro
Morre a cada dia
Pelo nosso destempero.
Morremos e matamos juntos
Cada tijolo construído
Ninguém mexe nem arranca
Esse nó górdio da garganta.
Não quero viver eternamente
A puxar a corda, morder a corrente
Prefiro até te deixar
A ter que um dia te odiar.
E isso me provoca ainda
Maior desolamento
Essa dor que nunca finda
Mata todo o nosso sentimento.


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