Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

domingo, 28 de julho de 2013

Dor futura

Partir sem dizer adeus
E nem desejar "boa noite"
Corrói todos os sentimentos meus
Dói como se fosse um açoite.
Cria uma imensa fratura
Sinto agora a dor futura
Saíste batendo a porta:
E o nosso amor, pouco importa?
O muito que há de nós
Todo dia é destruído
Por um temperamento atroz
A esquecer o que foi vivido.
Amor nenhum resista a tantos
Atos de tamanha violência
Provocam profundos desencantos
Podem me levar à demência.
Ao sair daquela forma
Rompeste a nossa norma
De manter nosso amor intacto
Protegido de qualquer impacto.
Dói fundo constatar que o temperamento
É mais forte que o sentimento
Aqui, agora, aos prantos
Vivo um profundo desencanto.


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