Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

domingo, 17 de outubro de 2010

Noite de terror (Final)

Como o prefeito, embora da Arena e eu do MDB, sempre fora meu amigo, acompanhei, de longe, sua trajetória. Ele saiu correndo, desceu o barranco, pulou uma cerca de arame e a boca da calça ficou presa. Corri para auxiliá-lo. Cheguei perto e vi o homem todo mijado, sem olhar para trás, aos gritos:
- Socorro, pelo amor de Deus. Me soltem. Sou o prefeito da cidade.
Ao chegar perto, tratei de acalmá-lo:
- Excelência. Ninguém o segura. Foi só o arame que prendeu a sua calça.
Ele ficou todo sem jeito, tentando esconder as partes da calça que estavam mijadas. Não disse uma só palavra, ainda dominado pelo medo.

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