Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

terça-feira, 19 de outubro de 2010

O pai-coragem (Final)

Talvez como uma forma de compensação pelos porres que tomava e todo o dinheiro da casa que gastava com cachaça ou com Conhaque Presidente, que ele tomava como que toma cerveja “socialmente”, hoje em dia.
Nunca gostei de perder. Pasmado coma coragem do meu pai, que apesar de estar cheio da cada, atravessou o rio, preparei-me para fazer o mesmo. Pus o pé na ponta do tronco e vi o bicho afundando, de mansinho, sumir nas águas do rio. Olhei para ver se o tronco não emergia lá na frente, e nada.
Papai ficou verde, amarelo, vermelho... e começou a suar frio. A bebedeira passou imediatamente. Por muito tempo vangloriava-se da proeza. Sem contar os detalhes e o medo que teve após descobrir que passara por cima da cobra.

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