Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

sábado, 18 de setembro de 2010

Assepsia nada convencional (Final)

Pé ante pé, foram os dois, João e o Comandante, procurando não fazer barulho para não incomodar o seringueiro e sua família. Só deu tempo de descer as escadas. João, que vinha por último, ao colocar o pé no último degrau da escada, sentiu uns salpicos de merda. Não conseguiu segurar mais nada. Melou metade do degrau com aquele jato.Lá pela meia-noite, Paulo Guedes, que havia se vangloriado de ser acostumado a comer castanha, também passou a fazer parte do grupo que, nem bem entrava na rede, era obrigado a voltar para o terreiro. De madrugada, nenhum deles podia nem levantar as calças. A merda estava saindo solta.No outro dia, o velho seringueiro levantou-se, sentiu um cheiro estranho e foi logo procurar seus hóspedes. Eles não estavam nas redes. O velho foi para o quintal e os viu, cabisbaixos, com as calças arriadas, sem terem como explicar tanta merda. Estavam pálidos. Mais pelo medo da reação do velho do que pela diarréia.- Meus fios, u qui foi isso?- Se..... se... Senhor! Cho... cho... cho... choveu merda.- Cumé qui chovi merda e só móia u terreiru?- Sim ... sim... sim... sinhô - gaguejou, de novo, João, apertando a barriga que voltava a doer - num sei não!
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