Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Assepsia nada convencional (Primeira parte)

Paulo Guedes havia sido convidado para tocar a festa do sábado de Carnaval, em Rio Branco. Famoso pela habilidade com o saxofone, fez grande sucesso. Choveram convites para novas festas na capital. Mas Paulo Guedes tinha um compromisso moral com a festa de terça-feira, em Sena Madureira, que já se tornara famosa em todo o Estado. Não aceitou nenhum convite. Voltou para Sena no primeiro monomotor.
O piloto, Paulo Guedes e mais um amigo. O teco-teco levantou vôo e saiu batendo palheta: téc, téc, téc, téc, téc, téc.
Às no saxofone, Paulo Guedes também faz juz à fama de pingunço. Além do sax, viajava sempre com todos os acessórios necessário a uma boa talagada. Começou a tomar umas e outras no início da viagem e nem ligou quando o piloto avisou:
- Estamos sem combustível! Vamos cair!
- Pois vamos, companheiro. Vamos sair logo?!
Por alguns segundos, o avião sobrevoou a floresta. O músico aproveitou para pegar o sax e tocar a famosa “Ái, ái, ái, ái, ái.....Tá chegando a hora....!” ironizando aquele que seria seu último carnaval.
- Agora vamos bater nas árvores.

Nenhum comentário:

Postar um comentário