Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Corina, a máquina dançarina (terceira parte)

- Não meu filho. Esse não é um dos seus brinquedinhos. Você não pode por a mão nele. Ele só serve para passar as roupas. Ninguém pode pegar no fundo dele. Se não fica todo queimado.



Felipe não entendeu nada do que a mãe disse. Mas procurou fazer de conta que tinha entendido tudo. O que ele queria, na verdade, era um descuido da mãe, para botar a mão no ferro. Enquanto isso, ela passava Corisco pelas roupas e ele cantava - Vuuum, vuuum, vuuum, vá, vá, vá. Vuuum, vuuum, vuuum, vá, vá, vá. Vou deslizando a sua roupa esticar.


- Zig, zig, zag, zig, zig, zag, vencendo as ondas quero a roupa alisar.


- Siiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii, siiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii, siiiiiiii, siiiiii á, toco na água e começo a chiar.


Felipe sentou-se ao lado da mesa de centro e começou a pegar todas as revistas e jogar em cima das perninhas. Com jeito de gente grande folheava as revistas página a página. Nem olhava para a mãe, que passava a roupa na sala. Era tudo uma forma de despistá-la. Ela, achando que Felipe nem se aproximaria da tábua de engomar, foi à cozinha para tomar um copo de água.


- Agora é a minha vez - pesou Felipe. Sorrateiramente, levantou-se e, ao chegar bem perto da tábua, tascou o dedo no ferro.


- Ahhhh! Ahhhh! Ahhhh! Ahhhh!


- Desculpe-me amiguinho. Mas você não ouviu sua mãezinha dizer que não era para pegar em mim?!


- Ái! ÁI! Meu dedinho está doendo.

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