Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Aflitos

O que deveria nos deixar feliz
Põe nossos nervos por um triz
Ameaça não vir e destruir
Nossa fantasia pode ruir.
Erramos em não resistir?
Em agir como adolescentes?
Deixar o fogo nos consumir?
Domar o espaço das mentes?
Sermos um do outro é quase impossível
Outro ser de nós, só milagre da vida
Eu e você num ser só visível
Enlouquecemos, aflitos, querida.
Sangue do teu sangue, venha logo!
Que não chegue ao fim
O que ainda é prólogo
Que a paz, apareça, enfim.


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