Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

sábado, 16 de novembro de 2013

Dilacerado ser

Chego hoje ao 50
Coração dilacerado:
Peito lamenta.
Essa tua ausência.
Choro por dentro
Riso por fora
Meu Deus, justo agora!
Razão pra tanto lamento?
A vida é real
E é cruel.
Entrega-nos o céu
Depois dá o fel.
Fico com o gosto amargo
De um sonho não realizado
Mas não desisto do nosso amor
Qualquer que seja a dor.
É hora de provação
De um teste profundo
Da vida que nos juntou
E agora vira nosso mundo.
Dilacerado fico
Assim também vou
Sem esquecer aquela semente
Que não me sai da mente:
Fruto do nosso amor.


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