Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Aos poucos

Raios de sol cruzam a janela
Por ela entro e saio na tua vida
Como pude fazer parte dela?
Se antes nela não existia!
Sopros, fagulhas, aos poucos
Tomaram conta de mim
Aos poucos ficamos loucos
Nunca sentimos amor assim.
Numa velocidade impressionante
O que era nada ficou pulsante
Resistimos dias a fio
Mas nos curvamos ao desafio.
Da vida que nos mostrou o amor
Da forma mais arrebatadora
Desconhecemos as marcas da dor
E a segurança de uma vida promissora.
Um amor que nos tira o juízo
Não deixa gotas de sensatez
Você é tudo o que preciso
Sem querer saber de lucidez.


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