Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Mãos

Olho meu dedo:
Vem nosso segredo.
Chego aos dois:
Lá vem nós dois.
Chego ao terceiro:
Sinto o teu cheiro.
Na quarta guinada:
Estás excitada.
Desejas que explores
O teu clitóris.
Faço-o com o quinto:
Por puro instinto.
A outra mão livre
Deixa que eu deslize
E toque os teu seio
Sem nenhum receio.
Com o polegar
Em ti toco atrás
Ouço teu delirar
Que a mim satisfaz.
Os dedos exploram
Todos os orifícios
Sem pena, defloram
Mostram nossos vícios.
Aos gritos chegamos
Ao prazer extremo
Sem penetração:
Milagre das mãos.


Nenhum comentário:

Postar um comentário