Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Frieza

Sinto o tom da tua frieza
A invadir-me como um punhal
Que dilacera cada fibra de carne
Tua indiferença dói e arde.
É um silêncio sepulcral
A incomodar e fazer mal
Se não nos desentendemos,
O que está acontecendo?
Será saudade antecipada?
Ou um desejo incontido?
Querer e não poder fazer nada
É o mais triste castigo.
Por isso nem a frieza
Com que às vezes sou tratado
É capaz de tanta tristeza
Que eu não queira viver ao teu lado.
Quero-te pra sempre
Em cada coisa que faço
Mesmo que nem sempre
Tenha sequer o teu abraço.


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