Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

À mesa, aos inimigos

Sentemos à mesa onde o ódio se esquece,
Onde o pão não tem dono, o sal é irmão.
Que o medo se desfaça, o diálogo cresce,
E a guerra se renda à força da razão.
Olhos nos olhos, as mãos já não tremem,
No copo compartilhado, a água é igual.
Quem vence a desconfiança, jamais perde,
Pois a paz é um edifício de gestos banais.
Que o inimigo de ontem seja hoje escuta,
E o silêncio, terreno onde a voz germina.
Não há glória na espada que nos refuta,
Só na semente que vira árvore divina.
Paz não é ausência, é presença ativa:
É escolher ver no outro a luz que motiva.


Poema do dia 23/02/2025: Dia Mundial do Entendimento e da Paz (Rotary International)


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