Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Gratidão

Hoje, não há data no papel, no calendário,
Há sol na janela, pão quente na mesa,
A vida é milagre ou algo ordinário,
Feito de instantes mortos pela pressa.
O teu riso que quebrou a tristeza,
A mão estendida enquanto estava em queda.
A dor que ensinou a força da beleza,
E a noite que antecede a aurora perfeita.
Que a gratidão não seja só verso ou prece,
Mas olhar que enxerga a luz no caos.
Pois até na chuva, a semente cresce,
Quando em meio a dor, não fenece.
É tempo de ser raiz, amanhã fruto:
Para colheremos o amor absoluto.


Siga-me no Instagram: gilson_v_m

Nenhum comentário:

Postar um comentário