Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Saudade

Escorrem
Pelos cantos dos lábios
Gotas de ilusão
Azuis
Cinzas
Vermelhas
Perdidas
Incolores.
Ardência aparente
Passos dementes
Exploram, defloram
Arrombam o peito
Violentamente
Sacode a alma
Trauma
Trama
Vida.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Etiquetas

Não me vire a cabeça
Não me faça louco
Sinta meu corpo
Pele
Poros
Pólos.
Vista-se
Zelosamente
Escandalosamente bela.
Use
Coco
Beba
Chanel
Coma
Burberry
Sport
Explodam-se!
Sou tua fome.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Deuses

Se deuses não existem
Nós os criamos em nós
Eu em você, você em mim
Unidade exposta
Ossos fraturados
Pedaços de fibras
Carnes em brasa
Exalam cheiros
Fortes
Ocres
Acres
Arrombam narinas
Rasgam retinas
Esfacelam egos
Deuses não os têm
Deuses não existem.

Deuses

Se deuses não existem
Nós os criamos em nós
Eu em você, você em mim
Unidade exposta
Ossos fraturados
Pedaços de fibras
Carnes em brasa
Exalam cheiros
Fortes
Ocres
Acres
Arrombam narinas
Rasgam retinas
Esfacelam egos
Deuses não os têm
Deuses não existem
Sem que a tua mente os crie.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

O banquete

Não me satisfaz penetrar tua alma
Quero comer o teu cérebro
Volver teus miolos
Circular pelas tuas veias
Demarcar cada poro do teu corpo
Degustar vorazmente
A infinitude do teu pensamento.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Fotogramas

São tantas as tuas imagens gravadas em minha retina
Que os fotogramas dilaceram-se
A moviola dos meus sentimentos
Não consegue remontar as imagens esfaceladas
Pelo tempo, pelos amores, pelos humores.
Insensata era dos Bit e Bites
Dos Blogs e blags
Dos sentimentos binários
Amar ou odiar
Bem-querer? Não.
E nós? Como ficamos?
Nessa nossa bemquerência desvairada
Deslavada
Desavergonhadamante digital.
Desligue o Bina
Desidentifique as chamadas
Descontrate o “siga-me”
Jogue o GPS no rio
Nosso cio não é Twitter
Não precisa de seguidores
É avassalador
Selvagem
Imortal
Imunoseguidável
Por sua essência animal.

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Filetes

Filamentos de indecência penetram as frestas
da escuridão que dominava meu ser.
Uma força descomunal domina meus dedos.
Rasgo o peito
Arranco filetes por entre as frestas
Sirvo-te.
Ávida
Você degusta.
Dos lábios escorrem fragmentos de sangue
Pingos dos restos de coração que você aperta entre os dentes.
Cada pingo de sangue que espirra no céu da tua boca
Estremece.
Átomos de veneno
A embevecer o pensamento.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Sucções

Não quero mamar teu cérebro
Nem sugar teu intelecto
Secreto
Secretas seivas
Gotas
Espasmos
Delirantes sensações
Voo mágico
Às profundezas da tua alma.
Acalma
Descansa
Sopros
Descargas elétricas
Cerebrais
Sorvidas
Corpo a dentro
Corpos ardentes
Mentes
Excitadas
Sugadas
Pelo desejo
De si
Reconhecerem.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Gozadas

Gozador
Gozadores
Gozo uma
Gozo duas
Gozo três
Perco as contas
Gozo em vez
De amor
Humor.
Gozos infinitos
Gargalhadas
Gozadas
Meras piadas.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Armadilhas

Na rede
Na vida
Vários
Desvarios
Nada seguro
Tudo obscuro
Tateio teclas
Virtuais
Rateio
Sentimentos reais
Convicções?
Não mais.
Tropeço
Na peça
Que a vida
Nos prega.

Intimidade

Pública
Privada
Oh vida!
Intimidade
Queremos
Quando temos
Odiamos
Mas
Se amamos
Sonhamos
Todos os segundos
Com ela.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

www.love.cor

Ela on
Eu Tb.
Arroubos
@@@@@
Twitters
Gmails
MSNs
Face
Faces
Bokks
Songs.
Sonhos
Conexões
Fantasias
Energias.
Ela off
Eu on.
Eu on
Ela off.
Se só um quer
Dois não se conectam
Mas quando a Net não quer...
Nem que os dois queiram!

Segredos

Se penso em ti
O coração dispara
Na rua, no trabalho
Em casa.
Se não penso?
Você se apropria
Das minhas noites
Dos meus dias.
Até do meu respirar:
Basta você entrar
Invadir a janelas
Corar minhas faces.
Quão lindo é o mistério do amor
Que nos controla: de nós se apossa
Quer estejamos livres ou presos
Não importa!
Amor não casa
Nem separa
Não tem estado civil: apenas existe.
Ainda que seja em segredo
Guardado até a morte
Porque às vezes até o controlamos
Há sete chaves o escondemos
Embora por dentro o corpo queime
Mesmo que não nos encontremos.
Um fogo de paixão, desejos e sonhos
Toma conta de nós a cada instante
Ainda que guardemos segredos
O criador abençoa os amantes.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Infinito

Nem a distância
Nem o tempo
Vento, tempestade ou ventania
Nenhuma força do universo
É capaz de separar
Dois seres
Quando ser
É amar
Querer
Sonhar
Voar
Saltar
No tempo
Na chuva
Gotas
Deslizam
Espalham-se
Sobre os rostos
Os corpos
As almas
As mentes
Sementes
Se mentes
Acredito
Pq o meu amor
A ti dedico
Como nuvens
Cegas
Esvaem-se
Ao infinito

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Ansiedade

Batimentos sobem
Concentração diminui
Pulsação flui
Sangue afina.
Horas não passam
Minutos alongam
Segundos mais ainda.
A novidade excita.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Delírio

Exalas
Odores
Sabores
Cheiros
Cheios
De desejos.
Ensejo
Vejo
Enxergo
Teus seios
Anseio
Quero
Senti-lo
Tocá-los
Intactos
Tateio
Vagueio
Ao infinito
Sem tê-los.