Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

sábado, 31 de agosto de 2013

Dos poemas

Criei você como arte
Nunca te imaginei como parte
Da minha vida real.
Fostes de um poema a outro
Ganhando vida e corpo
Como se fosses natural.
Mas, para minha surpresa
Como obra da natureza
Um dia descobri você.
Era o fim de janeiro
Podia ser fevereiro
Chegou e fez Carnaval.
Mais real que a fantasia
A mulher que eu mais queria
Estava, ali, na minha frente.
Havia uma mágoa intensa
Sobra de uma desavença
A separar nossos mundos.
Mas você saltou dos poemas
Tornou-se musa e tema
De cada coisa que faço.
Veio da Literatura
Transformou-se em loucura
Desde, então, sonho só contigo.
Nada pra mim tem mais nexo
Não consigo mais fazer nem sexo
Sem o tempero do nosso amor.
A ti entreguei o meu Norte
E inteiramente o meu Sul
Hoje toda a minha Geografia
É tua, "pra sempre e mais um dia"


Par perfeito

Duas pessoas que se amam
Nem sempre são pessoas perfeitas
Podem ser água e vinho que se decantam
Fugir a quaisquer receitas.
Não nasci para você
Nem você nasceu para mim
O que nos faz diferentes
É nos queremos assim.
Com tanta intensidade
Que mais parece loucura
Conviver com essa saudade
Que a cada dia nos tortura.
Ser perfeito é te querer
E tentar te compreender
Até mesmo quando duvidas
Do amor que sinto por você.


sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Ser único

Ser único não é ser inédito
Nem nunca ter dito antes
É mais que um simples afeto
Não ser apenas amante.
Olhar para o amanhã
E apagar todo o ontem
Dormir e acordar de manhã
Num só corpo, sem ter outrem.
É não poder comparar
Com nada do que foi vivido
Na hora de se entregar
Perder todos os sentidos.
O que nos faz únicos um pro outro
Não é a entrega na hora do gozo
É a intensa dor da saudade
Quase uma insanidade.
Você nunca disse "eu te amo"?
Ninguém na vida foi "teu amor"?
Disse, no passado, e foi engano
Hoje sei o que são amor e dor.
Nem um dos dois já foi tão forte
Que me faça pensar em morte
Sempre que me afasto de ti
Perco a vontade de existir.


quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Meu passado

O que fiz de errado?
Ter uma história, um passado?
Nada vale no presente?
Nem mesmo nosso amor ardente?
Começo a duvidar
Da minha capacidade de amar
E também de ser amado
Por conta do meu passado.
Se o que escrevi antes
For muito mais importante
Do que eu sinto agora
É hora de ir embora.
Largar a droga dessa vida
Sumir até sem despedida
Desisto de ser feliz
Pra não te deixar infeliz
Se o teu guia é meu passado
Abro mão de ser amado.


quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Impele

Amo o teu sorriso
A brisa a tocar teus pelos
Teu zelo, tua pele
Tudo o que me impele
A cruzar obstáculos
E chegar aos teus braços
A brancura do teu leite
Razão do meu deleite
Desces do pedestal
E me amas feito animal.
Sensível
Quase machucado
É forte o sabor da ardência
Este desejo transloucado
É quase sinal de demência.


terça-feira, 27 de agosto de 2013

Intenso

Intenso é o brilho do teu rosto
Como sol a queimar os contornos
Dessa branca pele. véu de veludo
Ânsia de amar, meu desejo, meu tudo.
Em ti faço vida, por ti, faço amor
A superar teus contornos de flor
Que aflora em nosso supremo delírio
E faz da saudade um extremo martírio.
Levá-la de mim para em ti ficar
Essa vontade louca de te amar
Deslizar colinas, teu corpo é fonte
De prazer imenso, intensa emoção
Um filme sempre aparece defronte
A registrar todo o nosso tesão.
O corpo explode no teu respirar
Que por pouco chegas a desmaiar
O ápice de toda essa nossa luxúria
Acalma-se em doces momentos de ternura.


segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Além da morte

Marcamos as nossas vidas
Para o todo e além da morte
Encontrá-la, depois descobri-la
Não foi um golpe de sorte.
Estava escrito, assim seria
Na Tábuas que a vida guia
Por isso amor ao nosso não há igual
Tem nuances de sensacional.
Em cada encontro o gozo e pleno
Nossa entrega é quase irreal
Em nossos beijos há doce veneno
E nos contamina, é visceral.
Para além da vida, só a ti quero
Não só desejo, eu te venero
A ti entrego minha existência
Amo-te até na tua ausência.


domingo, 25 de agosto de 2013

Ansiedade

Meu coração fica aos pulos
De tanta ansiedade
A mim me basta te ver
Para amenizar a saudade.
É forte o sentimento
É louca a nossa paixão
Maluco é o desejo intenso
Corpo em brasa de tanto tesão.
A vida fica sem brilho
Meu trem escapa dos trilhos
Se não te tenho por perto
O mundo é mero deserto.
Te quero logo em mim
Com todo o teu furor
Descansar teu corpo assim
Depois do nosso intenso amor.


sábado, 24 de agosto de 2013

Cego

Não vejo em ti mais defeitos
Agora, só adoro o teu jeito
Se eu, pra ti, era insuportável
Hoje, talvez, seja o mais agradável.
A vida muda, o tempo também
Quem um dia era nada ou ninguém
Passa a ser a mais importante
E não ter defeitos: estrela brilhante.
A iluminar cada passo da minha vida
Ao meu altar de santa ungida
É tanto brilho a exaltar qualidades
Que os defeitos viram nulidades.
Só sei te amar e é a ti que dedico
Tudo o que tenho de mais bonito
Se és o motivo da minha cegueira
Quero que sejas para a vida inteira.


sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Vidas cruzadas

Nossos vidas se cruzaram
Muitos anos, bem antes
Mas os deuses não deixaram
Espaço para desejos radiantes.
Éramos para o outro nulidade
Milagre pensar em saudade
Havia sim em mim muita dor
E nenhum espaço para o amor.
Nada eu era ao ser olhado
Inúteis marcas no escuro
Pensar em um dia ser amado?
Nem no sonho mais obscuro.
Como em passe de mágica
A vida de um na do outro encaixa
Nada mais pode ser contido
Vinga um amor infinito.


quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Quadrantes

Dos quatro cantos de antes
De onde nasciam demônios
E imagens perturbantes
Você ocupa de novo
Da face, o lado mais brilhante.
Teu sorriso de Deusa
Tua pele deslizante
Mudam o rumo do meu mundo
Deixam minha face cintilante.
Passo a sorrir de alegria
Como se noite fosse dia
Coração, de novo, dispara
Minha fé já não se abala.


quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Terror

É um filme de terror
Pensar que você imaginou
Que eu teria alguma fantasia.
É como se por engano
Meu sagrado amor fosse profano
E eu nem me importaria.
Um carrossel desembestado
Aparece com outro ao teu lado
A me perturbar o dia inteiro.
Quero me livrar desta imagem
Que parece uma miragem
A perturbar meu juízo.
Deus do céu como é cruel
Sentir o gosto deste fel
De não tê-la mais comigo.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Condenação

Ninguém deve prejulgar
Alguém por amar e ser amado
O amor não pode se enquadrar
Na convenção solteiro ou casado.
Desejo não é algo vil
Nem tem estado civil
Não se confunde com cama
Nem macula quem ama.
Respeito e companheirismo
Diferem de amor e desejo
Um é puro coleguismo
O outro se manifesta no beijo.
Quando amor e sexo se encontram
No corpo da mesma pessoa
Razão e emoção se espantam
No gozo, a alma do corpo voa.
Sobre nós vem a convenção
Do "até que a morte os separe"
Mas quando bate o tesão
A convenção pouco vale.
Há quem passe a vida inteira
Na base do carinho e da amizade
Pois a sociedade acende a fogueira
E vos condena para a eternidade.
Quem se libertar da convenção
E admitir que ama e tem tesão
Padecerá no fogo do inferno
Por todos, condenado ad eternum.


segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Memória

Não quero ser um belo registro
No todo da tua memória
Quero muito mais que isto:
Fazer parte da tua história.
Não como a mais linda lembrança
Ou um sonho a dois frustrado
Quero ultrapassar a esperança
Tornar-me, pra sempre, teu amado.
Chega de manter escondido
O amor mais lindo do mundo
Não pode ser proibido
Um sentimento tão profundo.
Deixarei de ser lembrança
Para dominar tua memória
Viver a te esperar não cansa
Quando se acredita na vitória.
É uma luta diária
Manter a fé no depois
Nossa saudade é planetária
Como a crença de vivermos a dois.


domingo, 18 de agosto de 2013

Reencontros

Basta nos encontrarmos
Para o amor renovarmos
É tanta loucura e tesão
Explodimos como um vulcão.
Cada parte do nosso corpo
Provoca desejo e gozo
Adoro quando você atrevida
Goza mil vezes seguidas.
Atrevida e meia te fazes
Ao explorar minhas bases
Com a ponta da língua exploras
E lá no fundo a mim defloras.
Não me importo e quero mais
Tudo o que o teu prazer me traz
No nosso corpo tudo pode
Quando o gozo em nós explode.


sábado, 17 de agosto de 2013

Deságua

Sinto o teu cheiro no ar
Bebo teu gozo ao amar
Teu gosto forte de fêmea
Faz de ti minha alma gêmea.
Sorvo a flor que se abre inteira
Adoro quando você me cheira
Engulo tudo o que sai de ti
Para senti-la, inteira, em mim.
Quando usas a língua
A explorar o meu corpo
Arrancas um grito rouco
Teu líquido em mim deságua.
Fico sem resistência
Sinto alegria imensa
Em mim fica teu cheiro forte
Amo-te até a morte.


sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Intensidade

Nosso amor é feito de intensidade
Na alegria, na dor e na saudade
Na tristeza e na doença
Até na tua ausência e na minha presença.
É uma loucura quando gozamos
Dói no fundo se nos desentendemos
Intenso é o prazer ao nos amarmos
Funda é a dor de nos separarmos.
Nem que seja momentaneamente
Ao vê-la sair sofro intensamente
No dia seguinte o coração dispara
Se entro, de mansinho, na tua sala.
Lembro que, também, entro em você
Você entra em mim com a ponta da língua
É tanta loucura nessas horas raras
Desnudamos, juntos, todas nossas taras.
Já estou despido de todo preconceito
Ao senti-la deitada sobre o meu peito
Basta eu te tocar: tudo volta de novo
Impossível contar quantas vezes gozo.


quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Pânico

Morro de medo que um dia
Você à minha revelia
Decida não mais me amar
E sem aviso me deixar.
Medo que você se canse
De me ter pela metade
Mesmo sabendo que por inteiro
Eu te amo de verdade.
Sei que fizemos um juramento
De nos amarmos até a morte
Mas pelo meu temperamento
Temo que você não suporte.
Só o temor me paralisa
Chego a sentir ojeriza
Pensar em viver sem o teu amor
Causa-me pânico e terror.


quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Adulto

Meu amor por ti é tão louco
Que, às vezes, penso ser maluco
De tanto te desejar não mais escuto
A voz da razão, do meu ser adulto.
É um amor adolescente
Não podes parar na minha frente
Que sinto as penas tremerem
E meus joelhos sofrerem.
Tilintam feito frágeis arbustos
Absortos em sonhos robustos
Para que faças parte do meu mundo
Todos os dias, a cada segundo.
Quero-te pra mim dia a dia
Meu sonho, minha alegria
És presente em cada passo
Em tudo o que na vida faço.
De menino a adulto
Amo-te até por impulso
Seja minha para sempre
Meu sonho de adolescente.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Sem sentido

Acordo, tateio ao lado, não te vejo
Sinto a falta do teu beijo
Do teu jeito doce de ser
Que me provoca tanto querer.
Desejo tua língua em minha boca
Adoro essa saudade louca
Que me revolve o juízo
E me deixa sem sentido.
Não faço outra coisa se não vagar
Pelos quatro cantos da casa
Meu corpo só dá sinais que quer te amar
Sentir tua falta a mim arrasa.
Já não sei mais o que é sensatez
Perdi tudo o que tinha de lucidez
Sem teu amor corro o perigo
De viver como um morto-vivo.


segunda-feira, 12 de agosto de 2013

DMente

Amo-te tão loucamente
Que a mente parece estar demente
O ápice desta loucura
É vê-la até em noite escura.
Se alguém passa, é a ti que vejo
E tão intenso é o desejo
Que frio e calor descem pela espinha
E fico imediatamente molhadinha.
Perco o juízo, perco a fala
Só a voz do corpo não cala
É impossível conter o tesão:
Queimo como um vulcão.
Nossa história não faz mais sentido
Se eu não lamber tua língua e ouvido
E descer até chegar ao ventre
Com a febre que me faz parecer doente.
Ouço gritos, gemidos e sussurros
Que se entrelaçam com nossos urros
Abro os olhos e olho para a frente
Comprovadamente estou só e demente.


domingo, 11 de agosto de 2013

Fim-de-semana

A dor da saudade de quem ama
Aumenta no fim-de-semana
Pois o amor não aceita ausência
Sem que provoque demência.
Por isso a loucura nos ataca
Quando menos esperamos
Uma dor que dói e marca
Mesmo sabendo que nos amamos.
Estar longe é um suplício
Mais parece um castigo
Você se transformou em vício
Quero tê-la sempre comigo.
De Domingo a Domingo
Sem nos separar na Sexta
A solidão me inunda
Se só te vejo na Segunda.
Até quando suportar
Tua ausência agendada
Quero inteiramente te amar
Sem precisar de hora marcada.


sábado, 10 de agosto de 2013

Divertida

A vida é imensamente divertida
Quando brinca de manja-esconde
Descubro que te amo, quero ficar perto
Mas, ela teima em nos deixar longe.
Aí nós brincamos com ela
Revertemos as dificuldades
Superamos o que nos emperra
Não nos abala nem a saudade.
Pulamos cada barreira
Que a vida nos impõe
Nosso amor sem eira
A tudo se contrapõe.
Divertidamente brinca de brigar
Quando o desejo aperta
Se tu surges me tiras o ar
Minha vontade se liberta.
O que era dor passa a amor
Vira motivo de fantasia
O que te digo é humor
O que me dizes alegria.