Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Sem tempo


Percebo aos poucos
A tua falta de tempo
Acabou o sentimento,
Estarei ficando louco?
A tua falta provoca
Sentimentos suspeitos
Ou já não me tocas
De modos insuspeitos?
Dúvidas se estabelecem
Constantemente crescem
Você não quer enxergar:
Sem tempo para avaliar?


quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Fingimentos


Somos resultado
De o quê fingimos não sentir
Deixemos de lado
O que pareceremos ouvir.
Façamos de nós
O que queremos que seja
Para podermos viver sem fingimentos
O que vem dos nossos sentimentos.


terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Frio


Se você não fala
Não aparece
Nem dá notícias:
Sinto falta.
Um vazio
De mim se apossa
Como se fosse uma poça
De frio.