Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Ânsia

Está difícil suportar
Te olhar à distância
Não poder de tocar
Aumenta minha ânsia.
Que se torna ansiedade
E se veste de saudade
Se contigo não estou
Só aumenta esta dor.
Que toma conta de tudo
Entristece meu mundo
Ânsia que não se esvai
E do meu peito não sai.
Melhora quando te ouço
Explode quando te vejo
Eu aqui neste sufoco
A sonhar com o teu beijo.


terça-feira, 29 de novembro de 2016

Marcas

A dor profunda que senti
Dói, doendo, jamais vivi
Lembranças intensas do amor
Marcas, nas veias, da dor.
Sereno sigo sangrando
Aos poucos, me recuperando
A solidão me angustia
Só você é minha alegria.
Por um momento te perdi
Foram dias que morri
Por dentro o peito ainda dói
Amor que não se destrói.
As marcas são doloridas
Superaremos as feridas
Ao teu lado quero ficar
Até a morte me levar.


segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Fugitivo

Vivo feito um fugitivo
A fugir do meu próprio destino
Meus sonhos de menino
Parecem ser proibidos.
Fujo deles, me perseguem
Sem querer que enxergue
O tamanho das dificuldades
E as dores da saudade.
Dela fujo também
Oro sem dizer amém
De ti não posso fugir
Sonho com você aqui.