Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

sábado, 30 de novembro de 2024

Horripilantes

Lá no mercado modelo
A sensação foi de medo
Medo de um passado
Que não está enterrado.
Na candidez do professor Cândido
Ouvi histórias horripilantes
O coração ficou em pânico
Morri-vivo alguns instantes.
Pensei: não consigo escrever
Sobre isso que me fez morrer
A dor de cada um no porão
Dilacerou meu coração.
Aquele mercado é modelo
Da trágica escravidão
Que nunca se salve a dor
Daquela intensa opressão.

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sexta-feira, 29 de novembro de 2024

Sorriso negro

Este teu sorriso negro
Esconde um segredo 
Que não consigo decifrar
Está contigo eu teu olhar!
Esta tua boca
Por baixo da toca
É algo que me toca
Os olhos em ti foca.
Digo-te com certeza
Nem a melhor cerveja
Aqui meio-escondido 
Só quero este teu sorriso!

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quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Máquina

A máquina de matar artistas
É similar à de moer gente
Que aparece até longe da vista 
De quem pensa diferente.
A nós, os NÓS são desatados
Porque atados já nascemos
A um cordão umbilical
Do qual nunca desligamos.
A família é a menor prisão
Quando da barriga saímos
Igreja, escola… só ilusão
Na cruel máquina, moemos!

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Encontros

Encontros nunca se repetem
Por mais que os humanos tentem
Somos energias dissipadas
Em torno da mesma calçada.
Insana é a nossa busca
De em algum lugar chegar
O que mais me preocupa 
É não te reencontrar.
O que são os reencontros
Se não, novos encontros do mesmo 
Quando de novo te encontro
É um novo encontro o que temos!

Poema do dia 27/11/2024

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terça-feira, 26 de novembro de 2024

Perdido

Ao te seguir perco o que é meu
Acabo por me tornar só teu
A luz que em mim sobressaía
Torna-se tua todo dia!
Em lágrimas, grito e canto
Aos outros, parece espanto
De tudo o que ainda não sei
Lembro-me: fui teu e te amei!

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segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Luz

Quisera eu ser luz
Alguém quem alguém conduz
Da estrela não tenho brilho
Só o tenho quando te sigo.

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domingo, 24 de novembro de 2024

Dia de chuva

Em dia de chuva
Saboreio tua uva
A mente fica turva
De tento prazer!
Gosto meio amaro
Cheiro de pecado 
Que nem mora ao lado
Pois está em NÓS.
É algo ardente
Quase inconsequente 
Bate no inconsciente
Um odor de pecado!
Que pecado o seja
Caiu feito luva
Este gosto de uva
Que ainda estou a sentir!

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sábado, 23 de novembro de 2024

Sol de volta

Quero meu sol de volta
E quando olho em volta
O mar à frente não esconde
Você é meu horizonte.
Na praia de Stella Maris
Quantas marias vales?
Não sem reponder
Preço não tem você!
Não para mim que amo
E o teu nome chamo
Nas vezes que vivo a sonhar
A necessidade de te amar.
Sei que corro perigo
Quando teu nome digo
Ao longo da noite incessante 
Como se fosse apenas amante.

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Desejo

Sempre que te vejo
Aumenta o meu desejo
De estar ao teu lado 
Como estive no passado.
Isso não posso mais
E a vida não me apraz.
Tento recarregar
Todas as energias 
A capacidade de amar:
Como eu queria!
De volta agora
Ou a qualquer hora
Para não ficar
Apenas de a se lembrar!

Poema do dia 22/11/2024

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Escuridão

 A falta de você
Joga nuvens diferentes 
Porque sem te ter
Meus dias são ausentes!
Você na minha frente
É só coisa da mente
Já não te tenho mais
Você saiu de cartaz.

Poema do dia 22/11/2024

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quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Esqueço

Esqueço de mim
Para cuidar do meu ser
Porque é agindo assim
Que, também, esqueço você.
Tenha um pouco de dó
E lembre que estou só
Se vivo em cima da razão
Congelo toda emoção.
Pareço um homem frio
Erva-daninha no cio
A espalhar a raiz
Dores ficam por um triz.

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Espertos

Diz a lenda urbana:
O mundo é dos espertos
Esteja (quase) certo
Rasa espécie humana.
Nas ondas da esperteza 
A pedra da natureza
Explode na tua cabeça
E barra a impureza.
O fato de ser esperto 
Não faz ninguém desonesto
Calar, ouvir e avaliar
Também é modo de se espertar.

Poema do dia 19/11/2024

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Abandono

Sinto-me só 
Abandonado
Sem ninguém ao lado:
Totalmente largado.
Para assim não se sentir 
Passo a me lembrar de ti 
Daquela partida ingrata:
A saudade ainda mata.

Poema do dia 18/11/2024

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domingo, 17 de novembro de 2024

Multidão

Vejo-me na cidade
Ruas esparsas
Nelas você passa
E nem me olha!
Se me olhas
Não me vês
Olhares se cruzam
Não se trocam
Porque trocas 
O modo de olhar.
Ainda olho em vão
Você se afasta
A mim não me basta
Ser parte da multidão.
Partes, parto
E me aparto
Tento chamar a atenção
Em vão: sou multidão!

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Brilho

Os olhos se enchem de brilho
Viver, de novo, faz sentido
Fagulhas de um amor selvagem 
Talvez seja apenas miragem!
Mas, ao mirar nos teu olhos
Subiu um fogo pelos poros
Minha visão ficou turva
Com detalhes de cada curva.
Amei, toquei e te senti
Como algum tempo não sentia
Fiquei a me perguntar:
Quando chegará este dia?
Os olhos já voltaram a brilhar 
E o corpo a me responder
Sinais de que o verbo amar
Em breve, pode acontecer!

Poema do dia 16/11/2024

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sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Idas

Os dias passam
E se foram
Nem sei se foram
Ou ficaram!
Marcados na memória 
Lembranças das idas
Que nunca foram vindas
Estão na berlinda.
Os dias passam
Nós ficamos 
Até que a morte
Leve-nos para sempre!

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quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Brutal

É brutal 
Ver um bruto mortal 
Tirar a própria vida
Em uma investida.
Suprema idiotia
Contra os “comunistas”
Ideia simplista
De quem não valoriza a própria vida!
Suprema idiotia
De um bando de idiotas
Que batem de porta em porta
Com suas ideias tortas!

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quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Sem ti

Senti a dor
Da solidão
Quando o amor
Foi ilusão!
Eu já sabia
E me iludi
Pois com você
Até vivi.
Momentos doces
Doces lembranças 
Desaprendi
Para viver: sem ti!

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Interseções

A vida é feita 
De interações
Ações interiores
Geram desamores.
E se desamas
Coisas insanas
Surgem do nada
E viram tudo!
O que te aflige
E tu não dizes
Ou o que amas
Mas, não declaras!

Poema do dia 12/11/2024

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Predizer

Dizer antes
É predizer 
E se predizes
O que me dizes?
Nem entendo
Mercador de ouvidos
O que pretendo?
Não te digo!

Poema do dia 11/11/2024

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domingo, 10 de novembro de 2024

Favores

Move-me pelo mundo
Feito um vagabundo
Aos olhos de quem de lá 
Fica a me julgar!
Só que você não sabe
O que em mim arde
Minhas dores, meus amores
Não dependem dos teus favores.
Desça do seu pedestal
Eu não sou o tal
Nem você também o é
Sei o que você quer.
Não vivo dos teus favores 
Pois tenho os meus valores 
Que centram a minha ação 
Na tua boba “cosmovisão”!

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sábado, 9 de novembro de 2024

Invisível

Quero ser sensível 
Diante do invisível 
O máximo que consigo
É não te ter comigo.
Como resolver 
Esta equação 
Que a razão se ser
É o nosso tesão.
E se tesão na sobra
Qual será a nossa obra?
Respostas, não tenho!
Então, me abstenho!

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Disputas

Um irmão 
Uma mãe 
Uma mão: 
Uma disputa!
Irmãos
Caim matou Abel
Ninguém parou no céu
A vida não tem gosto de mel!

Poema do dia 08/11/2024

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Lentidão

Meus pensamentos 
Ficam lentos 
Todes as vezes
Que não te tenho.
Minha lentidão 
Vira emoção 
Se você aparece
Em forma de prece.
Meus joelhos se curvam
Que as coisas se turvam:
Na minha lentidão.
Estou em situação 

Poema do dia 08/11/2024

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quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Força

Forca não é forca,
Nem uma oca
Muito menos uma oca.
Interprete na província
Ou este porma será
Uma parca forma oca
De se falar de força!

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terça-feira, 5 de novembro de 2024

Naqueles dias

Hoje acordei
Como se devesse dormir
Dias que você se arrepende 
Até de casa sair.
Noite chega,
Graças você dá
Lentos passos
Se nunca terminar!
A  obra iniciada
Parece não valer nada
Noites fugidias
Naqueles dias.

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segunda-feira, 4 de novembro de 2024

Conexões

Energias dissipadas
Conectam-se
E interconectam-se
Na viva dança 
Do universo.
Há nexo
Até na falta dele
Convexo universo 
Dos acoplamentos 
Feitos ao acaso
Dissipadas forças 
Ocas energias:
Lá se foi mais um dia!

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Lua

Nua
Na rua
Está a lua!
Vinda 
Do céu
Na cor de mel!
Estradas 
E ruas 
Nuas!
Luas!

Poema do dia 03/10/2024

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sábado, 2 de novembro de 2024

Afetividade

As injustiças me afetam
Chegam a provocar revolta
Mas isso pouco importa
À quase metade do mundo!
Não sei viver sem afetos 
Mas só colher dez afetos 
A mim chegam os trocadilhos 
É muito mais que desafetos.
A afetividade dos afetos 
Nem sempre é compreendida
Resisto até à resiliência:
Não há guerra perdida!

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sexta-feira, 1 de novembro de 2024

Anseios

Desejos
Quase reprimidos
Anseio
Por um beijo não conseguido!
Se peço:
Não me dás.
Roubado:
Terei assediado!
Beijo
É fruto do desejo
Da conquista 
Da querência
Dualista!
Se um não quer:
Não desejam…
Dois não se beijam!

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