Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

sábado, 30 de junho de 2012

Capital


Na capital
A luta é contra o capital
É federal.
A capital
E a luta.
Dos servidores
Dos estudantes
Dos técnicos
Dos detratores.
Até esses
Nas vossas ignorâncias
São capitais.
Para que a nossa luta
Por vida justa
Não perca o foco
Na capital.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Descompromisso


Vejo você passar ao lado
Nem lembro mais nosso passado
O amor que havia se esvaiu
Desde o dia que você sumiu.
Da minha vida desapareceu
Aquele fogo que queimava inteiro
No quarto, na sala, no banheiro
Cada vez que nos cruzávamos.
O descompromisso se nos abateu
Teu corpo inteiro para mim morreu
Assim como o meu para ti se foi.
Agora somos seres tão comuns
Iguais a todos, iguais a nenhum
Dos que se cruzam pela vida à toa.

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quinta-feira, 28 de junho de 2012

Devoção


Nem preciso dobrar os joelhos
E curvar-me aos teus pés
Para, mesmo sem anéis
Ou alianças e rubis
Demonstrar minha devoção
E o meu amor por ti.
O coração pulsa ao te ver
O desejo nasce ao te encontrar
Cultivo cada momento desse nosso jeito
Especial e singular de se amar.
Amo cada milímetro do teu corpo
Sonho em delírios absortos
Com o primeiro beijo que vamos trocar.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Grave


É grave
Entrar em greve.
Mais grave é fingir estar.
Pois se paras e não estás em greve
É uma maneira de ludibriá-la.
O grave da greve é furá-la.
Num jogo que não é só de palavras
Mas de atitude e de postura
Caso não, é impostura
De quem finge entrar e fura.


terça-feira, 26 de junho de 2012

Tez


Carregas no sorriso
A poesia do olhar.
Na tez a leveza do poema
Lemas, sememas
Incrédulas partículas do amar.
Suores e odores que dela escorrem
Regam desejos que não morrem.
Língua felina que da boca sai
Num rápido gesto de os lábios lamber
Aumentam meus sonhos languidos
De inteira e nua um dia a ti ter

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Afetos


É preciso estar atento
Para os vários manifestos,
Lutas diárias por um mundo melhor.
Você precisa se autorizar a amar
Para demonstrar sentimentos honestos
E poder trocar afetos.
Um aperto de mão
Um abraço, um beijo
Ou um simples cheiro
Até um olhar brejeiro
São formas de manifestar afeto
De dizer o que sinto
Sem parecer abjeto.

domingo, 24 de junho de 2012

Você


És mais do que qualquer homem possa imaginar de uma mulher.
É isso, vício, desejo... tesão.
Loucura e paixão.
És a divina essencial do pecado venial
A loucura de qualquer mortal.
O sonho de amor pleno escondido lá do fundo da alma.
És paradoxo, és calma.
O fogo que queima em meu corpo
Cada vez que vejo teu rosto.
E ouço o sussurro da tua voz.
És é o que há de mais puro
E o maior pecado.
Que cometo ao pensar em nós.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Cabeças


Encostamos sentimentos
Nos cantinhos, nas cabeças
Até na ponta dos pés.
Só não transformamos esse amor
Nos encontros de anéis.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Velados


Nossos olhares são velados
Tentam se esconder na multidão
Por mais que tentem, porém, revelam
O furor da nossa paixão.
Há uma entrega cada vez que se cruzam
Quando uma Iris encontra a outra
É como se com os olhos
Já começássemos a tirar a roupa.

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terça-feira, 19 de junho de 2012

Relação aberta


Somos duas figuras espertas
Que curtimos uma relação aberta
É pra você que eu ligo e digo que amo
Às outras digo que amo pra fazer amor.
Não nos prendemos aos padrões
O que nos guia são os tesões
E os desejos mais escondidos.
Nossas juras de amor eterno
São nosso jeito pós-moderno
De praticar o amor em liberdade.

domingo, 17 de junho de 2012

Pegada


Você tem pegada no olhar
É capaz de desvendar
Cada mistério escondido
No íntimo da minha alma.
Chega a me dizer que é inconsciente
Esse desejo ardente
De me comer semivivo.
É como se um jeito de sexo
Dominasse cada anexo
Desse me corpo semimorto.
Não quero ser escravo
Muito menos um estorvo
Desse teu olhar dengoso.
Prefiro desviar a rota
Fingir que escrevo qualquer nota
E mentir que não quero tuas garras.
Mas se você se fizer leoa
E partir para o abate
Render-me-ei ao ataque
E terminarei nos teus braços.

sábado, 16 de junho de 2012

Trocas


Não quero o beijo pelo beijo
Quero ter desejo.
Quero trocas, sedução,
Jogo da conquista.
Não me seduz ser mais um na tua lista
Nem que você seja mais uma na minha
Você não é objeto de cama
Não te quero para encostar-se à costela
Nem que sejas meu personagem de novela.
Em ti me seduz os lábios
A maciez da pele
A altivez do pensamento
O jeito de me olhar.
Desejo tua maturidade
Tua sabedoria
A preencher meus dias
E a excitar meu cérebro.
Pois só quando tomar conta da tua mente
Lembrarás de mim eternamente.

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sexta-feira, 15 de junho de 2012

Afeto


Maturidade e o conhecimento
São, no fundo, sentimentos
Que se nos apresentam com a idade
E nos dão a incrível capacidade
De encontrar a felicidade
No ato de distribuir afetos.
A mulher deixa de ser objeto
Não vale apenas pelo corpo
Não é um ser oco e sem nexo
Mero desejo de sexo
Vale o quanto pensa
E o que faz.
A relação deixa de ser oca
Não se resume a beijar a boca
E esperar a ereção.
Há mais que um membro ereto
E o desejo de sexo
A sustentar nossa relação.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Paz


O branco do teu sorriso
É mais do que preciso
Traz sensação de paz
E o desejo de acordar ao teu lado.
Há acertos e defeitos
Nas batidas no meu peito
Naquilo que toca em nós
Nos sons da nossa voz.
A ti dedico um tipo de amor
Que não quer apenas teu calor
Nem só o toque do teu corpo.
O que em ti me deixa louco
É esse abraço tão gostoso
Que enlaça nosso amor.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Treze


Ponho uma dose de amor
Ao lado de três gotas de ódio
Se somar chego a quatro no total
De sentimentos um do bem, três do mal.
Porém, se ponho um ao lado do outro
Tenho treze sensações
Muitas delas emoções
De ódios e amores
Que foram e voltaram
Ou que nunca mais se repetirão
Fica a vã solidão
E a mais suja incerteza
De que tua rara beleza
É ilusão e fantasia.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Enamorados


Basta beijar a tua boca
Para te deixar meio louca
A morrer de vontade.
Toco teu corpo inteiro
Deslizo as mãos pelos cabelos
A exalar teu amor.
Teu cheiro, tua flor, excita-me
Você parece mais bonita
Na hora da entrega total.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Abjetos


Quem olha para a mulher
Como um mero objeto sexual
Perde a chance de construir
Momentos de sonhos sem igual.
Todo machista é um ser abjeto
Cujo fetiche é a mulher-objeto
De luxuria, prazer e humilhação.
Por ser abjeto não se vê objeto
Iguala-se à lógica dos animais
Ressalta instintos bestiais
Causa asco em tudo o que faz.

domingo, 10 de junho de 2012

sábado, 9 de junho de 2012

Energias


Energias dissipadas
Não se encontram nas calçadas
São sopros divinos de luzes
Corpos celestes que se seduzem
Como se humanos fossem.
Exploramos nossas galáxias
Criadas em sonhos noturnos
Ao longo das madrugadas.
Um dia esses dois corpos
Unir-se-ão em um só sopro
Na cósmica entrega do nada.
Para que tudo sejam
E transformem num só beijo
Os sonhos que juntos criaram.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Opaco


Sou tinta sem cor
Dia sem brilho
Nuvem opaca no cinzento céu.
Sou pãozinho de mel
Ao chocolate coberto
Raios por nuvens encobertos
Num estranho dia sem sol.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Devolução


Tome de volta
O que de mim tiraste.
Leve cada gota de amor
Que me transformou em traste.
Escravizei-me aos teus pés
Sem ao menos saber quem és
Por acreditar em um sono infinito
Em um sentimento mais que bonito
Que de mim se apossou.
Você dele abusou
Fez-me de sapato e gato
Atirou-me como bagana ao mato
Um cigarro mal-fumado.
A ti devolvo a fumaça
De uma mera trapaça
Que me fez apaixonar.
As cinzas no meio do escuro
O ódio que ficou obscuro
Um dia foi indignação
Hoje não passa de ilusão.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Brejeira


Sou mineira,
Assumidamente brejeira
Gosto do cheiro de mato
Da terra nos pés e nas mãos.
Quero acordar pela manhã
Sem hora para levantar
Ou deixar a casa cedinho
Correr pelos caminhos
Que me levem ao curral
Ordenhar vacas, brincar com bezerros
Deixar o suor escorrer pelos dedos
Adentrar a mata, esquecer os medos
E reviver meus tempos de menina.
Descer colina abaixo
Banhar-me no riacho
Rir, gritar, chorar de alegria
Por saborear o gosto de mais um dia.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Sentidos


Do tato ao olfato
Todos os sentidos
Revelam de fato
Meu gosto de vida.
Percebo sabores
Degusto odores
De inúmeros amores.
Fatos passageiros
Paixões altaneiras
Desejos de ser
Teu homem agora
Ou a qualquer hora
Que queira te ter.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Dedos


Podem revelar segredos
Ou parte dos nossos medos
Quando a falta de coragem
Levam-nos à bobagem
De não demonstrar o sentimento.
Deixamos que o nervoso
Afaste-nos do gostoso
Ato de tocar e ser tocado.
Como um escravo do desejo
Estendo a mão, toco o teus dedos
Descanso sobre os meus medos
E te tenho em cada toque.

domingo, 3 de junho de 2012

Ouvidos


Ouço os teus gemidos
Perco os sentidos
Com os sons que invadem meus ouvidos.
Sussurros se confundem
Com a força dos teus urros
Na hora do prazer carnal.
Nem dependo do teu toque
Pois viajo à reboque
Desse fetiche oral.

sábado, 2 de junho de 2012

Narizes


Ao cruzar certos matizes
Tocamos nossos narizes
Em cheiros, temperos
Insanidades: insensatezes.
Amo-te algumas vezes
Em loucas fantasias
Intensas alegrias
São odores e sabores
Que temperam nossos amores.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Lábios


Quase sempre desnudos, carnudos
A me provocarem sonhos e delírios
Se abre-os, suspiros, sussurros
Em mim vos imagino e eu a soltar urros.
Doce sensação imaginá-los a tocar meu corpo
A deixar-me louco, sons que extasiam
Quando se tocam perdidos nas bocas
O sangue revigora sensações mais loucas
Tudo que os elétricos impulsos já não fantasiam
Dormem mansamente ao final do dia.