Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Inseguro


Aqui estou
Sem meu amor
A sonhar com o futuro
Ainda que inseguro.
Sem ter você
Talvez nem tenha mais
Vivo a sofrer;
Mas, quero mais.
E este querer
Logo se esvai
Vejo teu ser
Que de mim não sai.


quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Modo


Às vezes você me chega
Sem ao menos esperar
Parece até que me esfrega
Como se quisesse me amar.
Eu que já pensava em desistir
Passo, de novo, a acreditar
Que está próximo conseguir
Um modo de te encontrar.
Ainda não sei se consigo
Suportar ser só amigo
De quem um dia amei
E jamais esquecerei.


terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Naturais


Aqueles traços
Esparsos
Quase caricaturais
São naturais.
Lembranças
De o quê foram esperanças
Hoje não passam
De naturais
Vontades irreais.
Não terei mais você
E insisto em sonhar
Certo de quê
É impossível te amar.