Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Dentes


Gosto de sentir tua pele quente
A passear pelos meus dentes.
Entrar entre os caninos
Esquentar nossos destinos
A nos transformar em dementes.
Mordisco cada mamilo
Toco isso e aquilo
A desvendar o teu corpo.
No ritmo das mordidas
Descubro o gosto da vida
E no desenho de cada curva
Encaixo os dentes como em uma uva
Ao mordiscar tua vulva
Descubro a fruta proibida.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Línguas


Tem gosto de mel esse desejo
De tê-la em meus braços noite adentro
Tem cheiro de mato, rajadas de vento
O sabor da tua língua minha língua a tocar.
Sinto a textura languida e felina
A explorar milimetricamente
Cada limite do céu da minha boca.
Os lábios salivam, a garganta encolhe
Retrai-se a ponto de faltar o ar.
Imagino tua língua morena
A soltar minha boca, tocar meus sentidos
Explorar meus ouvidos, tocar meu pescoço
Descer pelo corpo, chegar aos meus pés
Em jatos, explodo, perco os sentidos
Em língua e lábios, descubro quem és.

Visite também o Blog de Educação do professor Gilson Monteiro e o Blog do Gilson Monteiro. Ou encontre-me no www.linkedin.com e no www.facebook.com/GilsonMonteiro.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Vazios


Às vezes sou nada de espírito
Puro ponto escuro no branco da tela
Não me descubro parte da vida
Muito menos sei quem é ela.
Olho para o tudo, nada vejo
As curvas do teu corpo nem percebo
Fecho os olhos e tento descobrir
Aonde foi parar o meu desejo.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Licença


Quisera eu não ter de pedir licença
Para curtir tua presença
Ou vivenciar a tua essência
Como se estivesses ao meu lado.
Criar você em verso e prosa
É meu exercício de liberdade
Não preciso do teu rosto
Nem da tua rara idade.
Para te criar em minha mente
E viver, na tua ausência, a saudade.

domingo, 27 de maio de 2012

Amigos


Há pessoas que são flores
A dar mais odor à vida
Seja amigo ou amiga.
Enfeitam o cheiro do dia
Encantam a escuridão da noite
Devolvem a alegria num açoite
Espantam a tristeza que queria
Entrar porta adentro
Tomar conta da existência
Amigos são a resistência
Reconfortam meu viver
Tenho gosto em te querer
Presente nos momentos
Fáceis ou dfíceis
Vividos lado a lado
És presente e futuro
Jamais serás passado.

sábado, 26 de maio de 2012

Receios


Tenho receios
De não ter teus seios.
Sinto embaraços
Sem ter teus braços.
Descem calafrios
Então fico no cio.
Sorvo teus odores
Sobem frívolos calores.
Toco em meu corpo
O teu me deixa louco.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Caretas


Caretas são um tédio
Praticam assédio
Falam de moral
De modo natural.
Condenam a greve
O que se escreve
Defendem a tradição
Idolatram a família
Passam o dia em vigília
São falsos moralistas
Meros inquisidores
Nesse palco dos horrores.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Cruzamentos


Um frio percorre a coluna
Cada vez que cruzo com teus olhos
Meu sangue queima e esfria ao mesmo tempo
Como se uma rajada de vento
Descesse e subisse pelas veias.
Tenho pouco a dizer, mal sei gaguejar
Sou dominado pelo teu olhar
Que de mim se apodera e me possui
Exploras meus pelos, meus poros
Sonho que me jogas no solo
Nesse fogo intenso de me amar.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Transe


Teus lábios carnudos
Provocam-me gemidos surdos
Intensos sonhos absurdos
De tê-la, inteira
Nua, numa cachoeira
Até mesmo em uma esteira
A jogar-se em meus braços.
Estremeço até com as fotos
Não controlo nem o foco
Da direção dos meus olhos.
Você me provoca a mente
Apoderou-se do meu ente
Em transe te tenho noite e dia
Vivo essa eterna agonia
De só tê-la em fantasia.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Languidez


Minhas mãos deslizam pelos teus seios
A língua desce mansamente pelo teu pescoço
Vou do extremo, paro no meio
A explorar cada milímetro do teu corpo.
O suor pinga, sobe intenso fogo
Os olhos revirados marcam o teu rosto
Teus gemidos transformam-se em gritos
E passam a ser urros na hora do gozo.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

domingo, 20 de maio de 2012

Prisões


Sair do ventre materno
É o sonho quase eterno
De quem está por nascer.
É a utopia da liberdade
Plena e para a eternidade
Quando se começa a viver.
Há três prisões improváveis
Quase inilibertáveis
Ao se começar a entender.
Que família, escola e religião
São o triunvirato da prisão.
O sonho de liberdade plena
Não passa de fantasia
Uma constante heresia
De quem prega a revolução.

sábado, 19 de maio de 2012

Conexões labiais


Teus lábios provocam-me conexões neurais
Sensuais desejos libidinosos explodem
Descargas elétricas navegam dentro das veias
Libertam-se dos nós, das teias
Das amarras, dos conceitos e preconceitos
Acendem toda a languidez que trazes no olhar.
Roçar teus lábios, sentir o teu cheiro
Beber o teu gosto em toques linguais
Explorar os relevos da tua geografia
Jogar fora as chaves das tuas algemas
Sorver energias dos teus pelos sensuais
E te amar com a loucura de quem não controla
O desejo de estar a ti algemado
Como se fossemos dois animais.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Arrepios


Dá arrepios pensar que posso te ter
Nem que seja por momentos
Ou até por longas horas
Pena que não te tenho agora
Para viver em minutos
Desejos que foram embora.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

quarta-feira, 16 de maio de 2012

terça-feira, 15 de maio de 2012

Alucinações


Chego a tremer como um viciado
Só de me imaginar ao teu lado
Ou pensar que sentes minha falta
Ainda que negues
Ou queira se enganar
A tentar se convencer
Que não faço parte da tua vida.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

domingo, 13 de maio de 2012

sábado, 12 de maio de 2012

Florescência


É na vivência do meu florescer
Que se encontra a essência do viver.
Uma primavera de amor vivido
Em poucos instantes que estive contigo.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Devaneios


Sonho com a boca em teus seios
A língua a deslizar pelo teu corpo
Estanha sensação, sonho de um louco?
Deixe-me a sós com meus devaneios.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Rimas


Letras se unem ou são unidas com um único objetivo:
criar significados na mente do leitor.
Às vezes os sons são similares e provocam
Pobres, ricas, às vezes ínfimas
Tornam melhor o ato de viver.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Desmatamentos


Clareiras abertas ao longo do verde
Não negam a enorme sede
Da rapinagem que algumas aves
Desfilam a singrar tuas árvores
Com a seiva da selva a escorrer
Pelos cortes da morte ao luar.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Similitudes


Temos instantes de desejos similares.
Isso não significa, porém, que sejamos iguais.
O que nos une é um incontrolável desejo
Que nos transforma em fogosos animais.

domingo, 6 de maio de 2012

sábado, 5 de maio de 2012

Demoditatocracia


Não sou apenas um número
Quero ser tratado como gente
Ainda que nesse banco de dados
Venha a ser classificado
Como mero indigente.
Nessa demoditatocradia pós-moderna
Forjada pela inteligentsia do PT
Sustentada pela militância do PSD
Com amparo do PSB e do PMDB
E as bênçãos do PC do B
O antigo camarada e companheiro
Foi transmutado e de guerreiro
Hoje fala muito e denuncia
É um desestabilizador
Desse “governo do trabalhador”.
É como se fosse transformado
Em sócio dos “barões da mídia”
Um perigo iminentente
Para a demoditatocracia.
Essas aves de rapina
Do Planalto e de Brasília
Sócios de Collor, Sarney e Barbalho
Mataram os nossos sonhos
De um mundo melhor um dia.
Trocaram a Democracia e a liberdade
Pela mordaça do mensalão
Criaram um novo sistema
O Capitalismo de Estado
Com Organizações Sociais
De camaradas e parceiros
Companheiros ou aliados
E quando alguém denuncia
Não passa de aloprado.
O Fiat Elba do Collor
Transformou-se em brincadeira
Na demoditatocracia do PT
Chique é banho de Cachoeira.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Decisões


Detesto essas decisões imaturas
Como a de te amar com loucura
Correr sempre para os teus braços
Sem ligar para o cansaço.
Desejo você inteira
Quero-te de toda maneira
Sofro com as fugas constantes
Em não tê-la como amante.
Resta-me não mais te desejar
Esquecer que sou louco por te amar
Fingir que não sonho com teus beijos
Deixar em um canto esse desejo.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Machismo


Se te quero ou não
Pouco importa a decisão
Mais vale o teu desejo
De querer meu beijo.
Assumo meu machismo
E todo o meu egoísmo
Minha vontade de te dar prazer
Independente do meu querer.
Sou animal sexual
Que se entrega inteiro ao ritual
Do prazer e da emoção
De me fazer teu homem
E de você ser meu tesão.
Nesse delírio extremo
Não me importo com o futuro
Vale mais o ato seguro
De te ter em minhas mãos
Como se o amor fosse canção
A embalar nossos desejos.
Pois se ele é teu em um beijo.
Correspondo em emoção
Ainda que meus urros de amor
Sejam pura ilusão.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Minhas neuras


Como todo ser
Vivo o dilema
Entre o ser e o não-ser.
Não sei se te quero pra mim
Ou quero te perder.
Tenho meus dilemas
Não exploro esse tema
Para não revelar em poema
O que  me aflige dia-a-dia
Se te perco ou se te ganho
É a minha heresia.
Só não quero é perder
A tua companhia
Amigo, amante ou um nada
A mim pouco importa a situação
Desde que te tenha no coração
Como minha, mulher e amada.

Trabalhador


Pegue uma pitada de trabalho
Acrescente uma dose de a dor
Terás, no final, a receita
Do explorado trabalhador.
Misture tudo no caldeirão da fábrica
Tente encontrar respeito e dignidade
Verás que são dois produtos
De péssima qualidade.
Em empresas, indústrias e lojas
Ainda impera a exploração
No máximo tratam o trabalhador
Como animal de estimação.
Fazem revista na entrada
Repetem o ato na saída
Veem o roubo como regra
De quem quer apenas uma vida digna.