Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

domingo, 30 de novembro de 2014

Dominar

Vejo-te
Entre os edifícios
Como vício
Do olhar.
Atravesso oceanos
Por anos
Mas, estás em mim
A me dominar.
Como se as teias
Do teu domínio
Fossem veias
A circular
Meu amor como sangue
A te dominar.


sábado, 29 de novembro de 2014

Pura

É pura a essência, do nosso querer
Muito mais que presença, teu jeito de ser
Pura pureza
Bem mais que beleza
Quero-te ao meu lado
Céu meu estrelado
Mais pura que a neve
Nevasca, estrela
Meu maior orgulho
É tê-la e querê-la.


sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Gestos

Pequenos gestos
Revelam o afeto
Que o grande amor
Em nós causou.
Grande desejo
Explode em beijo
Quando te vejo
Feliz ensejo.
Mãos apertadas
Peça encenada
Amor assim
Você em mim.
Eu em você
Desejo louco
Prazer aqui
É estar em ti.

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Fruição

Passos espessos ouço
Nos corredores da vida
Laços esparsos teço
Com os teus pelos de Diva.
Divina mulher que adoro
Que me come com os poros
O toque da ponta do teu dedo
Abre tudo o que tenho de segredo.
Acende um fogo, uma rinha
Um força que eu não sabia: tinha
Contigo cada vez mais tenho
Se vais, vou e venho.
No incontido movimento
Gozo não é lamento
É a mais pura fruição
Dos sabores da paixão.


terça-feira, 25 de novembro de 2014

Isolado

Retiro de ti
Um pedaço de mim
Quando fico assim
Só, por aqui.
Sem mensagens
Sem notícias
Isolado
Sem tê-la ao meu lado.
Meu querer, calado
Fica exacerbado
Saudoso de ti
Se não estás aqui.


segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Em lascas

Quero te transformar
Em um fruto comestível
Para que eu possa degustar
Até o limite do impossível.
Mordiscar tuas carnes tenras
Como se mastigasse a casca
Tirar de forma bem lenta
Pedaços de ti, em lascas.
Saborear o sangue em gotas
Que desce dos teus lábios
Grandes, vermelhos, soltas
Gotas lúcidas do teu orvalho.


domingo, 23 de novembro de 2014

Quase impossível

Era quase impossível
Muito menos previsível
Que você chegasse a me amar
Tampouco a se entregar.
O impossível aconteceu
Tornei-me inteiro, teu
Por completo, sem barreira
Quisera, pra vida inteira.
E como você me disse
Nosso amor é muito raro
Mesmo que eu não visse
Mostrou-se cristalino, claro.
De ti já não mais consigo
Nem, ao menos, me afastar
Hoje o quase impossível
É alguém nos separar.


sábado, 22 de novembro de 2014

Raro

É raro
O que nos aconteceu
Destino brincou de amar
Ao unir você e eu.
É caro
Pela dor que provoca
Mas é todo dia mais lindo
Pelo amor que nos toca.
É faro
Desejo que se fixa no cheiro
Teus odores de mulher
Mora no meu travesseiro.
É claro
Raro
Por se fazer faro
Amor que não comparo.


sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Amor-inventivo

Como posso te querer
Com tanto bem-querer-bem?
Se vivo como não-ter
Ainda que viva o tem!
E se o tem não-vivo
Não te tenho ativo
Mas se por ti vivo
É um amor-inventivo.
Invenção que nasceu
À parte você e eu
Amor que se concebeu
Futuro que nos comprometeu.
Amor-inventivo, ativo
Que já nasceu, nativo
E quer se perpetuar
Para sempre te amar.


quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Dores

Sabores rimam com dores
Flores.
Rosas.
Espinhos
Ninhos.
Nossos ninhos.
Nossos amores.
Calores.
Transformamos dores em flores.


quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Imprevisível

Desperto do sonho
Que a vida me deu
E dele só brotam
Você e eu.
Como se o mundo
Ficasse lá fora
E fosse só nosso
A qualquer hora.
Um mundo sonhado
Vivido ao teu lado
De um amor impossível
Quase imprevisível.
E quando acordo
Parece um sonho
Se durmo é saudade
Mas, realidade.
Mistura de incrível
Com inconcebível
Que gera encanto
E tanto espanto.


terça-feira, 18 de novembro de 2014

Mais venero

Encontro de águas
Que não se misturam
Sem remorso ou mágoas
Eis nossa loucura.
Quer em pensamento
A todo momento
Se mais te venero
Ainda mais te quero.
E se mais te quero
Mais te desejo
E cada beijo
Mais espero.


segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Afronta

Às vezes me pergunto
E não encontro respostas
O teu silêncio é normal,
Ou uma reação natural?
A algo que eu tenha feito
Sem me ter dado conta
Será que te deixei sem jeito?
Ou cometi alguma afronta?
É como se uma pedra de gelo
Transformasse calor em frieza
E eu precisasse ter mais zelo
Pra não sentir tanta incerteza.
Teu silêncio a mim faz mal
Deixa-me internamente abatido
Dor assim só sinto igual
Quando tenho o corpo ferido.


domingo, 16 de novembro de 2014

Amoridade

A idade chegou
O amor me pegou
Antes dos 50
E já ultrapassou.
Chego aos 51
Como se fosse aos 15
Feito um adolescente
A viver um amor demente.
Alucinado, apaixonante
Melhor hoje que antes
Maior que a saudade
É sentir este amoridade.
Amor que vem com a idade
Cheio de sabedoria
Fonte da minha energia
Com gosto de mocidade.


sábado, 15 de novembro de 2014

Tropeço

Desfiz a mala
Espalhei as roupas pela sala
Liguei o televisor.
De tanta ansiedade
Tropecei na vontade
Esbarrei no meu amor.
Caí na realidade
Vivo de saudade
Para não morrer de dor.


sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Deserto

Voltei a sorrir
De um canto ao outro
Depois de dormir
No maior sufoco.
Ainda assim
Mesmo que incerto
Prefiro estar perto
Sem tê-la em mim.
Porque estar longe
Estando tão perto
O peito não esconde
O árido deserto.
Que é viver
Sem em tudo te ter
Estar ao teu lado
É meu sonho dourado.


quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Pelo avesso

A vida virou pelo avesso
O fim passou a ser começo
E o começo nem sei onde inicia
Aos poucos você surgia.
Dominou, primeiro, o pensamento
De um jeito tão intenso
Que eu cheguei a desconfiar:
Antes, sabia o que era amar?
O que era firme feito rocha
Queima como uma tocha
Com a intensidade de um demente
Bate esse meu coração-adolescente.
Mesmo depois dos cinquenta
O arrebatamento nos contenta
Quero ser recompensado
E terminar a vida ao teu lado.


quarta-feira, 12 de novembro de 2014

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Melancolia

Uma melancolia
De mim se apossa
Por mais que possa
Dela se livrar.
Teu olhar distante
Por um certo instante
Passa a me instigar.
Penso no que seria
Quanta agonia
Se você, um dia
De mim se afastar.


segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Frieza

Bate uma tristeza
Uma dor tão funda
Quando chega a incerteza
De que o amor não abunda.
Parece estar mais frio
Uma espécie de vazio
Insisto em falar de reserva
Você finge que nem observa.
É como se faltasse empenho
Embora talvez não o seja
Essa falta de sintonia
Pode tirar nossa alegria.
Será mais que desespero
Estar longe, mesmo perto
Nossa falta de zelo
Pode tornar o sonho incerto.


domingo, 9 de novembro de 2014

Tanto, tanto

Parece pesadelo
Uma dia eu não tê-lo
Você dizer que não me ama
Que a chama não mais inflama.
Dor que não imaginei
Sentir e foi tão real
Pesadelo que em mim criei
E que só me faz mal.
Mesmo depois de acordar
Foi difícil me recuperar
Por ti ser esquecida
Deixa-me enlouquecida.
Para aumentar o pesadelo
Passo o dia sem vê-lo
Amar-te é um espanto
Mas te amo, tanto, tanto.


sábado, 8 de novembro de 2014

Presente e passado

Digo que te amo
Sinto mais ainda
O teu nome chamo
Amor que não finda.
Desejo que supera
Até a intensa espera
É tanto o meu querer
A vontade de ter.
Ainda que a tenha
Mesmo que não venhas
A estar ao meu lado
No presente e no passado.


quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Destempero

Quanto giro os olhos
E vejo que me olhas
Meu coração estoura
Quase para de bater.
Bombeia emoção aos pelos
Desfaz o meu destempero
Ajuda-me a colorir a vida
De uma forma não conhecida.


quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Gritos

Às vezes grito
E me excito
Com o teu grito.
E fica o dito
Pelo não dito
Nos nossos gritos.
Viram gemidos
Ao pé do ouvido
Num atrevido
Jogo de amor.


Um pedaço

De tanto pensar em nós
Esqueço que o eu existe
Porque se estou a sós
A saudade em mim resiste
Vira minha companheira
Se me acordo ou durmo
Sofro um absurdo
Se não te tenho inteira.
De que adianta um pedaço
Mesmo que fique o laço
Se acordo espantado
E não estás ao meu lado?


Sabor maior

Em ti deposito a alegria
A languidez do meu dia
Para de cada gota de suor
Tirar um sabor maior.
Que tome conta de tudo
Da casa, além do muro
Que em tudo estejamos nós
Em cada sussurro de voz.



OBS: Post do dia 04/11/2014

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Preocupação

Teu rosto quente
Deixa-me demente
Tua quentura
Leva-me à loucura.
Ainda que seja
Não de paixão
Mesmo que eu veja
Preocupação.
Pois o amor
Vence a dor
Ampara a alma
Implanta a calma.


domingo, 2 de novembro de 2014

Depois de nós

Depois de nós
Não sou mais eu
Nem sou mais meu
Por ser só teu.
E te amar
Ao pé do altar
Teu corpo santo
É o meu manto.
Por sobre mim
Dentro da rede
Matas minha sede
Nossa varanda, enfim.


Nosso

A mansidão da voz
Revela o que há entre nós
Os toques de desejo
Expressos na fúria do beijo.
O frescor dos corpos
Dizem o que é nosso
Os dedos grudados das mãos
Gritos de tanto tesão.
Pernas grudadas
Corpos colados
Pelas arrepiadas
Estamos lado a lado.
Por tudo o que é nosso
De ti não me afasto
Seria um movimento nefasto
Amo-te com tudo o que posso.



OBS: Post do dia 01/11/2014

sábado, 1 de novembro de 2014

Porto-seguro

És a mais bela flor
Que alguém por aqui plantou
Teu sorriso em mim semeou
A mais profunda força do amor.
Que de tão funda varou o peito
E plantou um amor sem defeito
Passei a acreditar no encantamento
Não apenas de momento.
Por isso te quero ao meu lado
No presente e no passado
E também no futuro
É meu porto-seguro.



OBS: Post do dia 31/10/2014

Voz rala

Quando falas
Coração cala
Petrifica-se
Quase para.
Tua fala
A mim lubrifica
Isso explica
A voz rala.
Quase sussurro
Quarto escuro
Nada de falas.



OBS: Post do dia 30/10/2014