Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quarta-feira, 31 de julho de 2024

Frieza

A frieza da alma
É o pior frio
Deste ser que se diz humano.
Mundano
Insano
Olhar de desprezo
A outro ser que se diz humano!
A dizimar
O sentido de se amar!

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terça-feira, 30 de julho de 2024

Vazios

 Vazios
Vander Lee morreu
Esperando aviões 
Estou de pista vazia
E isto não me agonia!
Deus já não pode me ouvir
Estou sem diário na areia
A sós comigo mesmo, aqui
Minha mente devaneia.
Um romântico inveterado
Que vive sem ninguém ao lado
Vazio sem breviário:
Escrevo meu relicário!

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segunda-feira, 29 de julho de 2024

Segunda

Depois do domingo 
Segue o divino 
Que não é santo 
Nem é espírito!
Boa semana 
Eu te desejo
No fim de noite
Desta segunda.
Que não é não 
Nem vem da feira
Se é de segunda 
Jamais será primeira.

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domingo, 28 de julho de 2024

Oração

 Joelhos dobrados
Aos pés da minha Santa
Teu corpo de mulher 
É o que me encanta.
Em forma de poesia
Cometo a heresia
De te ter como altar
E a ti só desejar.
Por isso agora oro
Aos teus pés imploro
Ajoelha-te também 
Para irmos ao além.

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sábado, 27 de julho de 2024

Meu cio

É inexplicável 
O tanto que reajo
Ainda sem querer 
Ao lembrar de você.
Em tudo o que faço 
Parece haver um traço
De o quê vivemos
Enquanto nos quisemos.
Você foi embora
Quero-te, ainda, agora
Este quarto vazio
Apaga o meu cio.

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Fogo

Pelas narinas
O fogo não finda
Desce no corpo
Sobe de novo.
Cresce a febre
O sangue aquece 
Faço uma prece
Ajoelho-me de novo!

Poema do dia 26/07/2024

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quinta-feira, 25 de julho de 2024

Arena

Onde tudo se resolve
Desde a Grécia antiga
Era sigla de partido
Que dominava a ditadura 
Olhos fechados para a tortura!
Aliança Renovadora Nacional
Só renovou a imbecilidade geral 
Hoje virou praça de futebol
Arena ao pôr do sol.
É de causar vertigem 
Obra monumental 
Que fique lá pela origem:
Nunca mais volte este nosso mal!

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quarta-feira, 24 de julho de 2024

Estimulações

Mudar
Estimula ações
Da mente 
Do corpo 
Da alma!
Calma:
Desaceleração
Das ações
Da alma!

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terça-feira, 23 de julho de 2024

Comuns

Só me atiça
Quem me excita
Ou me irrita.
Prefiro o cérebro atiçado 
Atirado para novas ideias
Que fujam da mesmice
Da média dos comuns
Ou da idiotia
Dos que aceitam a tirania
Em nome do bem-comum!

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segunda-feira, 22 de julho de 2024

Oferenda

Intensa é a voz
Que carregamos em nós 
Dizem ser da consciência:
Pode ser da demência.
Id, ego ou superego
Sinto-me, às vezes, cego
Preciso de uma agenda
Para não me doar em oferenda.
Na água um tanto turva
Deslizo reto ou em curva
Da vida, tracei o destino
Ao sair de casa, menino!
Vivo em estado de alerta
A dobrar qualquer oferta 
De ser feliz por um segundo
Danem-se as coisas do mundo!

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domingo, 21 de julho de 2024

Sombrios

Dias sombrios
São frios
Como fria é a alma
Dos humanos
Que perderam
A humanidade!

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sábado, 20 de julho de 2024

Pecado

Todo dia é santo
Santo dia…
De pecado!
Cujo pecado maior
É não ter você…
Ao lado!

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sexta-feira, 19 de julho de 2024

Normal

É normal
Virtual
Proposital:
O que a vida nos reserva!
Neste jogo:
Reserva é titular
Titular passa a reserva!
Ou você se recupera
Ou morre:
Numa overdose
De divagações 
E ilusões.
Vida: a gangorra de opções!
Tudo é normal!

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quinta-feira, 18 de julho de 2024

Transformações

Idéias transformadas
Em realidades que transformam 
Transformam vidas.
Ir além do que se avista
É escolha de vida
A transformar vidas
De pessoas sofridas.
Amar antes de julgar
Não deve ser só para os filhos
É o maior desafio
De transformar vidas!

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quarta-feira, 17 de julho de 2024

Carta

Uma carta
Não descarta
Nenhuma motivação
De se encontrar alguém
Um e-mail não Correio tradicional.
Mistura vidas encaixa
O que não cabe na caixa
Postal, ou virtual 
Da que fala
Por carta!

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terça-feira, 16 de julho de 2024

Ciclos

Resquícios de amor
Transformam-se em dor;
Dores de amor
Transformam-se em resquícios:
A vida é feita de ciclos.
Certezas e incertas
São postas à mesa
Nada é certo: nem a morte
Se a vida for mesmo 
Feita de cilícios a ermos!

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segunda-feira, 15 de julho de 2024

Demência

O que parece impossível 
Possivelmente pode ser sonhado
Nem tudo o que se sonha 
Precisa ser realizado!
O futuro só chega
Para quem o traz ao presente
Enxergar o que ninguém vê 
Não é coisa de demente!
O lado bom da demência
É a total inocência
Que normalmente é da infância
Da vida de qualquer criança!
Que quer experienciar o mundo
Tudo que houver de profundo
Dementes em sociedade
Medem a loucura pela idade.

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domingo, 14 de julho de 2024

Tensão

Querer e não ter
Desejar e não ver
Possibilidades do ser
Sou e não tenho
Mas mantenho 
A esperança de ter
Meu bem-querer
Querer-bem-ter!

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sábado, 13 de julho de 2024

Anverso

Sou o anverso
De um verso
Sem nexo!
Convexo mistério
Montês monastério
De tudo o que quero.
Nada tenho tudo
Tudo tenho nada
Anverso da vida privada.

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sexta-feira, 12 de julho de 2024

Números

Certidão de batismo
Depois, de nascimento
Carteira de identidade 
Certificado de reservista
Começo de uma lista.
É título de eleitor
Único identificador
Que pouco te interesse
Hoje, vale o CPF
Código de Endereçamento Postal
Comitê de Ética em Pesquisa
Hoje, somos um número qualquer
Nossa desidentificada vida.

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quinta-feira, 11 de julho de 2024

Visceral

Vísceras expostas
Corpo-mistério
Dos monastérios
Rompes as portas!
Gênero rústico 
De um ser abrupto
Mistura de quase-dor
Com bem-querer-amor.
Sem negar o que queres
Encantas homens e mulheres 
Viver é teu compromisso
Visceral instinto do viço!

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quarta-feira, 10 de julho de 2024

Estações

Este sorriso doce
Cheiro de manhãs primaveris
Exala invernos e verões
Mais que todas as estações.
Os óculos ampliam o olhar 
Distantes manhãs de abril
Lágrimas chegam ao mar
E levam segredos mil.
Teu riso é estrela-guia
O nariz cheira à razão
Os reis serão teus guias
Na dor e na emoção!

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terça-feira, 9 de julho de 2024

Na estrada

Mãos trêmulas seguram
Um espelho embalado
Molambos e plástico preto
Para esconder o reflexo.
Agarrado ao objeto
Ele chega a tocar o teto
No embalo das freadas
Vidas estão enjauladas.
Ônibus entupido de gente 
Dançam para trás e para a frente 
Vidas unidas em uma viagem 
Beiras de estrada e margens
Registradas na memória 
De quem tem sua história.
O motora pisa fundo
Reduz a velocidade
Abraçado ao próprio espelho
O velho esconde o medo.
Nos olhos a emoção
A voz parece arrastada
Aquele espelho na mão 
Reflete as nossas estradas!
O ônibus era só o bagaço
Faltava respeito e espaço 
Mal vencia as ladeiras 
Sempre na marcha primeira.

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segunda-feira, 8 de julho de 2024

Cegueira

 Cego
Perdi o amor por mim
Para só me dedicar a ti!
Sigo
Existo ainda assim
Mantenho a viseira
Para esconder a cegueira!
Nego
Que fui capaz de amar alguém 
Mais do que amo a mim!

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domingo, 7 de julho de 2024

Espelhos

Há dores que ferem a alma
Outras, pura emoção 
Depois de umas, você se acalma
Em outras, sobe a pulsação.
Umas apertam o peito 
Chegam a doer o coração 
Fique de olho neste fato
Porque pode ser enfarto.
Há uma que, às vezes ofusca
Enche de calos a mão
É a que hoje mais se busca
A dor da musculação!
Espelhos de academia
Confundem-se dia-a-dia
Narciso espelho de mim
Busca que não chega ao fim.

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sábado, 6 de julho de 2024

De novo

 O ato de sofrer por amor 
É bálsamo da cura para dor
Alma limpa, espírito leve
Serenidade como se deve!
Em sentimento não há dívida 
Não se investe a esperar retorno 
Ama-se com o melhor da vida
Para, em seguida, se amar de novo!

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quinta-feira, 4 de julho de 2024

Vivi

Vivi 
Vivenciei
Vívidas
Violentas
Verdades
Veementes
Vontades
Valores
Vorazes
Você!

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Cura

Com loucura
Devorei-te
Até com os olhos!
Teu sangue nos poros
Circulava em mim!
Éramos tão impuros
Nos nossos prazeres noturnos
Madrugadas inteiras
De prazeres (quase) insanos!
Nada era profano
E eu perdi o prumo.
Teu cheiro ainda sinto
A despertar meu instinto
Olho-te hoje com doçura
Lembro de cada beijo
Aproveito o ensejo
Para dizer-te: és minha cura!

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quarta-feira, 3 de julho de 2024

Euforia

Foi forte
Trouxe alegria,
Uma euforia
De tirar o ar.
Espalhou-se 
Esquentou as narinas 
Pele feminina 
A me empolgar.
Corpos grudam-se
Parecem selos
A estampar cartas
E esconder segredos.
Uma alegria

terça-feira, 2 de julho de 2024

Estrutural

Pinto
Repinto
Retinto desenho
De um desempenho
Que cobram de ti
E me deixam solto.
Vítimas desde o leito
De um preconceito
Que dizem não existir.
Quis ser igual 
Quero ser igual 
Mas, é estrutural
O que me separa de ti!

segunda-feira, 1 de julho de 2024

Sobrevivi

Bati na porta do céu
Ninguém me deixou entrar
Vi outra porta entreaberta
Preferi não arriscar.
Na dúvida entre céu e inferno
Escolhi para a UTI voltar 
Lá de cima me vi de terno
Muito choro ao lado do altar.
A alma voltou para o corpo
Eu que estava quase-morto
Aos poucos, voltei a respirar.
Ganhei novo sopro de vida
Nem quis mais a despedida
E estou aqui a poetar!

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