Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

segunda-feira, 31 de março de 2014

Voltas

Vou e volto
Idas e vindas
Pego e solto
És toda linda.
E quanto volto
Tu não estás
Se me revolto
Só mal me faz.
Sou todo teu
És toda minha
Amor ateu
Ficas louquinha.
Jogo-me no solo
Ou no teu colo
Voltas, imploro
Vens ser só minha.


domingo, 30 de março de 2014

Inseguro

Temo deixar a cidade
E ser morto pela saudade
Afastar-me é um suplício
Igual cair em precipício.
Ouvir um grito sem fim
Como se fosse um eco
Amargo é o gosto de ir
Feliz é o doce gosto do regresso.


Sopros

Ventos sopram silêncios
No compasso da tua ausência
É quase impossível viver assim
Sob o julgo da demência.
Restam fé e esperança
Embora nenhuma razão haja
Apenas a eterna lembrança
Do que sempre parece ser irreal.
E desta irrealidade
Nasce um fio de saudade
Uma certeza teu ser
Até o dia que morrer.



OBS: Post do dia 29/03/2014

sexta-feira, 28 de março de 2014

Sacro

Se a entrega mais parece
De dois animais no cio
O amor é tão puro e sacro
Quanto santa imagem em um rio.
Por ti tenho adoração
Temperada com tesão
Com um desejo desenfreado
De sempre, por ti, ser amado.
Sacro e santo é o teu corpo
Altar dos meus rituais
De total e plena entrega:
Nenhuma proibição é nossa regra.
Absoluto é o amor
Prazer que não tem igual
Nossa entrega supera a dor
E o insaciável desejo animal.


quinta-feira, 27 de março de 2014

Bestial

A água que toca o solo
Não me serve de consolo
Se está longe daqui
E vivo a pensar em ti.
Sozinho o meu corpo exploro
A ti imaginar jogada no solo
Como se fosse um animal
Meu instinto é bestial.
É de querer comê-la
Em pedaços ou inteira
Sem uma gota de fastio
Feito animal no cio.
Quero rasgar tua alma
Deixar marcas no teu corpo
Arranhar a tua calma
Assustá-la feito um louco.
Que o meu cio não te espante
Meu amor por ti é gigante
Mais que a mim eu te amo
Acima de qualquer desengano.

quarta-feira, 26 de março de 2014

Manto

Visto-me com teu manto
De pureza angelical
Vivo a cada segundo
Um amor paranormal.
Feito de encanto e magia
Da mais pura poesia
Sinto o gosto da tua boca
Paixão viva e louca.
Que me tira do prumo
E me faz perder o rumo
Quando sorvo o teu mel
Chego à porta do céu.


terça-feira, 25 de março de 2014

Puro

Adoro quando estás dengosa
Quando finges não ser fogosa
E nada a saber da arte de amar.
Então me passo por fogoso
Pareço mais do que sou gostoso
Só pra te fazer delirar.
Talvez por isso seja incontrolável
Esse desejo quase insaciável
De que sejas só meu alimento.
Então depuro esse meu querer
Para que nunca venha a perder
A languidez de cada movimento.
Que por ser puro, puro ficará
Em nós como marca do sempre
Nem um dos dois jamais esquecerá.


segunda-feira, 24 de março de 2014

Tenho

Em ti tenho
O que nunca tive.
Contigo encontro
O que jamais encontrei.
Por ti vivo,
De mim não desisti.
Por nós sinto,
O que nunca na vida senti.


sábado, 22 de março de 2014

Mergulho

Teus cabelos não ficam em desalinho
Porque são vítimas do meu carinho
Da minha verdadeira adoração
Para demonstrar minha paixão.
Entrego-me a acariciá-los
A beijar uma sobrancelha e outra
Antes de tirar toda a tua roupa
E, enfim, os mamilos, tocá-los.
Depois, como um bicho faminto
Engasgar-me com os teus mamilos
Fazer com ressaltem nossos cios
E mergulhar em ti como te sinto.


sexta-feira, 21 de março de 2014

Marrom

A pele viçosa e branca
Confunde-se com o marrom
Da saia que determina o tom
A tua roupa não sai da lembrança.
Como eu queria tirá-la do corpo
Somente as joias como acessórios
Deixar-me teu, inteiro, no colo
Para que vejas como te adoro.
Que as cores são meros detalhes
Não impedem que teu cheiro se espalhe
E se entranhe no íntimo da alma
Com a tua vida que a minha acalma.


quinta-feira, 20 de março de 2014

Pra sempre

Sempre que tocas a pontinha...
Do meu nariz.
Meus níveis de loucura
Ficam por um triz.
Incontáveis espasmos
Em feitio de orgasmos
Lançam jatos de vidas
Salivas engolidas
Grudam-me, pra sempre, a ti.


quarta-feira, 19 de março de 2014

Sem vê-la

Mesmo sem vê-la
Sem tê-la em pelo
O desejo mais vivo se faz.
Não é por teus pelos que apelo
Mas sim para tê-la, mais e mais.
Nem que este ter seja imaginário
Marcas visíveis em um sudário
De suores e sangues que dos corpos escorrem
De infinitos desejos que em nós não morrem.


terça-feira, 18 de março de 2014

Tranquilidade

Gosto desta sensação
De ouvir teu coração
Nos momentos de intimidade
Brota uma tranquilidade.
Que não tem razão aparente
Para nos deixar tão contentes
Se o pouco tempo que temos
Pouco mais ainda convivemos.
Por mais que um furacão
Desabe e destrua lá fora
Nada abala a convicção
De amá-la a toda hora.
Tento conter a euforia
Difícil é não acreditar
Que chegará um dia
Que chegas pra não me deixar.


segunda-feira, 17 de março de 2014

Tonturas

Perco o prumo, sinto tonturas
Penso que vou desmaiar
Com todas as nossas loucuras
E o nosso jeito de gozar.
Nossas almas descolam do corpo
Desfalecidos após novos gozos
Como mistérios um tanto gozosos
Corpos suados, inteiramente tontos.
Sirvo-me de ti, você de mim se apossa
Carnes se grudam na loucura nossa
Tontos de prazer, ser um só ser
Sorver tua delícia: isso é viver.


domingo, 16 de março de 2014

Fome

Demonstro minha fome com os olhos
A comer-te sem o menor esforço
Despir cada parte do teu corpo
Arrancar a pele, escalpelar os poros.
Morder teus lábios, arrancar pedaços
Um gosto de sangue penetra em mim
Como explicar insaciáveis laços
Que a mim deixam, faminta assim.
Eu que pouco fiz, quase nada sabia
Mal desabrochei, e já me prendia
Hoje tenho um amor que me consome
Só a ti desejo com tamanha fome.


sábado, 15 de março de 2014

Combate

Combato tua ausência com saudade
A desenhar em pensamento
Detalhes do ventre, do corpo
De tudo o que me faz mais louco.
Aparto a tristeza com deus dedos
A deslizar ao longo da pele
Tua língua a me lamber de leve
Deixa-me trêmulo, não de medo.
Horas partilhadas valem dias
Só a felicidade impera
Intensas sensações e alegrias
Como se a magia fosse eterna.


sexta-feira, 14 de março de 2014

Em pensamento

Vejo o tempo por trás das vitrines
Passar à medida que chegas
Nas lojas modelos se vestem
Enquanto penso em te despir.
Em pensamento tiro tua roupa
A me inebriar com o teu cheiro
De fina flor da fêmea galáctica
Igual não há em nenhum planeta.
Ainda que eu não seja esteta
E a tua arte reconheça
Sei que há arte em cada milímetro
Do teu corpo lindo e divino.


quinta-feira, 13 de março de 2014

Novas cores

O dia ganha brilho
A noite chega em festa
É pura sinfonia
O cantar da floresta.
E o som fica mais lindo
Ao vê-la ali sorrindo
Tudo ganha novas cores
Perdemos nossos temores.
Se tons de cinza hão
Não haverão, então
Hoje o que mais preciso
É, do teu rosto, o intenso brilho.


quarta-feira, 12 de março de 2014

Na lembrança

Difícil viver só de lembranças
Acreditar sempre na esperança
De que seremos felizes juntos.
Parece, até, absurdo
Ter crença tão fiel
Como a de que existe o céu.
Se o céu não existisse
Você também não existiria
Da minha vida não seria
Nem uma mera lembrança.
O fato de existires
Com tanta intensidade
Faz-me acreditar no devires
Por isso vivo de saudade.


terça-feira, 11 de março de 2014

Por te amar

Por te amar tanto
Deixo rolar prantos
Horas de choro
Longe de ti.
A saudade vive
Ganha corpo em mim
Expõe minhas vísceras
De TEU, TODO, AMADO
Homem apaixonado.
Que não se contenta em sentir
Em lembrar dos momentos
Quer ser teu, pra sempre
Completo e VIVO
Por te amar.


segunda-feira, 10 de março de 2014

Travessia

Meus dias são atravessados pela tristeza
Por alucinações intensas e pela incerteza
Quanto mais te tenho mais fico com medo
Que o nosso intenso amor vire desapego.
Mal posso imaginar-me longe dos teus braços
De tão triste, o coração perde o compasso
Antevejo o futuro no presente
Amo todos os teus afluentes.
Cada parte do teu ser é meu
A ti entrego-me alma e corpo
TUDO o que tenho em mim é teu
O que te exala deixa-me louco.
Em poemas atravesso espaço e tempo
Nem mesmo a saudade eu lamento
Meu presente é tê-la em homilia
Como razão da minha eterna alegria.


domingo, 9 de março de 2014

Afagos

Revejo afagos que trocamos
Não sabíamos o que é amor
Só depois que amamos
Descobrimos também o pavor.
De que um o outro esqueça
Sem que o dia amanheça
Só de pensar em não tê-lo
A noite é de pesadelo.
Ainda bem que o sentimento
Se nos apresenta em afagos
Sorvo-te em goles, em tragos
Que eternizam o momento.
Nesta terna euforia
Não a esqueço sequer um dia
Sorrisos afagam um ao outro
Até quando estamos absortos.


sábado, 8 de março de 2014

Ateu

Dizem que o futuro
Pertence só a Deus
Será o meu, um ateu
A me tirar dos braços teus?!
Não creio na intolerância
De um Deus de tamanha bondade
Por que nos fazer descobrir a saudade
E depois nos deixar viver só à distância?
Não sei, não tenho resposta
Talvez nem queira encontrá-la
Prefiro cultivar a aposta
De para sempre amá-la
Um ateu, talvez não o seja
Muito menos o meu amor
Mereça ficar escondido
Por trás de uma grande dor.
Deus desvendai o futuro
Aquilo que a mim reservas
Não deixai teus filhos no escuro
Nosso amanhã não será de trevas.


Arte

Minha matéria é tua arte
De amar e se entregar inteira
Teu corpo desnudo é obra-prima
Ainda vejo-te menina.
A desabrochar para a vida
Em pleno recomeço
Será que eu a mereço,
Tão inteiramente linda?



OBS: Post do dia 07/03/2014

quinta-feira, 6 de março de 2014

Linhas tortas

Partilho da tua revolta
Linhas são retas
Mas se fazem tortas
Queremos caminhos
Nem sempre aparecem
Nós em nossos ninhos
Sonhos não acontecem.
São construídos
À custa de dor
Passos destruídos
Por um novo amor.
Revolta de novo
Estarmos distantes
Ainda assim removo
A vida de antes.


quarta-feira, 5 de março de 2014

terça-feira, 4 de março de 2014

Amofinado

Morro aos poucos
Amofinado aqui dentro
Escravo do meu apartamento
Acorrentado a essa dor.
Saudade que não me deixa
Agarra-se aos parcos cabelos
Espalha-se ao longo dos pelos
Faz-se completamente gueixa.
E me toma nos braços
Amarra-me em laços
Dos quais não consigo desfazer os nós
Será minha sina viver só?
Amofinado em um Ap
Casa ou residência
Sempre sem ter vc
A conviver com a tua ausência.


segunda-feira, 3 de março de 2014

Fragilidade

Sem tua presença sou um ser amorfo
Fragilizado pela falta que me fazes
Não tenho forma
Nem me conformo por não tê-la
Por olhar o céu e nem conseguir ver estrelas.
É como olhar o infinito e não enxergar horizonte
Nem os contornos que redesenham os montes
Das oliveiras nem o gosto sinto
Por mais que esteja faminto.
Nem fome sinto, nem sede posso ter
É só tristeza estar longe de você
Já não consigo esconder meu pranto
Vivo em eterno acalanto.


domingo, 2 de março de 2014

Tardes a sós

As tardes de domingo chegam
Você não está ao meu lado
Sei que temos um passado
Nem você nem ele estão presentes.
Lembranças povoam meu ser
Mas como só de lembranças viver!?
Preciso de ti a toda hora
Por que você não vem logo embora?!
Vem ser inteira, o meu mundo
Não me deixes nenhum segundo
Sede, por completo, minha dona
Dos pés, ao coração, me apaixonas.
Ainda que só, em ti quero estar
Até na tua alma penetrar
Deixar me guiar pelos instintos
Assim, sentirás tudo o que sinto.


sábado, 1 de março de 2014

Fingir

É tão difícil fingir não saber
O tanto que sei de você
É preciso ser muito ator
Para negar o nosso amor.
Ainda mais quando explode
Em intensos carinhos e beijos
E quase impossível negar o desejo
Que a cada segundo nos envolve.
Ainda assim tenho de fazê-lo
É como demonstro meu zelo
Só posso te amar ano a ano
Se fingir, sempre, que não te amo.