Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

segunda-feira, 30 de abril de 2018

Feridas


Preciso encarar a solidão
Como parte de um pagamento à vida
Pelas feridas
Que já provoquei.
Paguei.
Pagando
Pagarei.


domingo, 29 de abril de 2018

Rebeldia


Tem horas que a alegria
Transforma-se em rebeldia
Por olhar para o lado
E me sentir abandonado.
Um dia sonho por inteiro
Outro, somente pesadelo
O sol entra pela janela
Não estou ao lado dela.
E pelo que diz a lei
Nunca mais a terei
Quero a chama que arde
Nem que seja pela metade.
Isso me dará alegria
Amainará a rebeldia
Como este amor arde
Vale até a metade.


sábado, 28 de abril de 2018

Mudos


Todos os números do segredo
Do corpo e do coração
Foram descobertos por você:
Naquele beijo de paixão.
Ao me deixar ávido morder
O biquinho do seio esquerdo
E a mão direita escorrer
Até o meio do joelho.
Você só respirava fundo
Nada disse em um segundo
Foi como se dissesse tudo:
Abri tuas pernas mudo.
Mais fundo eu respirava
Enquanto o dedo procurava
O espaço daquela vulva melada.
Teu líquido quente na mão
Aumentou o meu tesão
Senti a tua língua na boca
Ao enterrar a mão toda.
Quanto mais empurrava
Sentia que você urrava
Urros que eu não ouvia
Porque minha boca prendia.
Alucinada você me lambeu
A boca pelo corpo desceu
Quando teu lábio em mim tocou
O homem que era forte, gozou.
Você chupou, depois cuspiu
Em cima de mim espalhou
Tudo o que de mim saiu
Terna, serena, muda (me olhou).