Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

sábado, 31 de outubro de 2015

Ainda vivo

Meus olhos miram ao longe
Para descobrir o que escondes
Por trás deste teu sorriso
Sem ele, não sei como ainda vivo.
Vivo porque quero tê-lo
Jamais imagino perdê-lo
Por isso ainda vivo
Para, um dia, tê-la comigo.
Mas a única certeza que tenho
É que, talvez, jamais a terei
Manterei todo o empenho
Pois, sem ti, não viverei.


sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Desafio

Superar os obstáculos
Para poder ficar juntos
É quase uma demência:
Sensação de impotência.
Tudo parece estar contra
A distância nos afronta
Em nós o verbo superar
Dá forças para aguentar.
E por amor suportamos
Todos os desenganos
As inúmeras feridas
Das dores por nós vividas.
As lágrimas os olhos marejam
O peito permanece aberto
Por mais que o futuro seja incerto
Não deixo que as dores vejam.


quinta-feira, 29 de outubro de 2015

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Resistência

Sobreviver a tua ausência
É uma prova de resistência
Por mais que se tenha calma
A dor fere na alma.
É uma saudade funda
Que a todo o corpo inunda
E me tira o sossego
Chego a sentir medo.
De não mais te tocar
E não poder te amar
Viver apenas de recordações
Não resistir às pressões.
Se não estás sou velas ao mar
Corro perigo de me afogar
Teu cheiro é minha resistência
E me faz suportar a tua ausência.


terça-feira, 27 de outubro de 2015

Meu sol

O sol se abre nas retinas
Desembrulha as cortinas
O brilho entra pela casa
Você chegou aonde não estava.
Da forma mais pura e quente
Tomou todo o ambiente
Apoderou-se do meu dia
Com chamas de alegria.
Transformou toda a dor
Em centelhas de amor
Que começam a reacender
O que não consegue morrer.


segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Pedaços

Parece que saudade não dói
Que o teu silêncio não destrói
Quando fico sem saber de ti
É como se o inferno fosse aqui.
Nem a garoa consegue acalmar
Esta saudade que vive a queimar
A deslizar dentro do peito
Como se não tivesse mais jeito.
E aqui fico, desolado
A engolir um choro chorado
Pois em tudo o que faço
Existe teu, um pedaço.
Controlo a minha saudade
Até quando finjo alegria
É muita ansiedade:
Espero vê-la algum dia!


domingo, 25 de outubro de 2015

Entrega

Prometo me entregar
Na hora que você chegar
Seja no calor ou no frio
Ainda que não esteja no cio.
Ou que esteja contido
Pois pareço estar esquecido
Se não fui mandado embora
Pareço ter sido jogado fora.
Sem carinho e atenção
Com um vazio no coração
Você me deixou e se foi
Pensas que saudade não dói?
Espero-te, assim mesmo, isolado
Inteiramente apaixonado
É inteira essa me entrega
Meu coração não sossega.
Enquanto não estás aqui
Dona do meu abraço
Preciso ouvir de ti
Meu coração em compasso.


sábado, 24 de outubro de 2015

Frio

Aqui faz frio
E eu no cio
A te esperar
Sem lamentar.
Neste vazio
Desta Paulista
Sou bicho frio
Da Bela Vista.
Mas não tão bela
Quanto é ela
Minha cidade
Você invade.
Viras meu dono
Tiras meu sono
Só te espero
Porque te quero.


sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Dever

Meu primeiro dever
É nunca te esquecer
Amá-la até a morte
Eis a minha sorte.
E se sorte não for
É prova de amor
Intenso, infinito
No qual mais acredito.
Que chegue à eternidade
Alimente-se da saudade
Do muito que te quero
E do tudo que venero.


quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Longe de ti

Tenho poucas coisas a fazer
Se estou longe de você
É como se o aqui
Fosse parte do devir.
Mas, no devir não vens
E não sei o que tens
Nem por onde estás
Muito menos para aonde vais.
Mesmo que você chegue
E a mim, toda, se entregue
Ficará a sensação
Quem não houve sim ou não.
É tudo muito estranho
Embora em ti me entranho
Mas parece que não houve
O tudo que nos comove.
Por isso longe de ti
Fica uma dor a me perseguir
Se não estou ao teu lado
A mim só resta o passado.


quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Em breve

Em breve estará aqui
Como a alvura da neve
Saberás que sou eu quem te escreve
E, talvez, não consiga ser breve.
Porque breve é a brevidade do encontro
Da vontade de ficarmos juntos
Mas, será, a vida um conjunto
De encontros e desencontros?
Que saberia rever esta agonia
Agonizante sentir flutuante
Com gosto de plena magia
Em corações palpitantes.


terça-feira, 20 de outubro de 2015

Aflito

Ao ver o teu olhar aflito
Penso em o quanto é bendito
Este amor que nasceu
Quando o medo quase nos venceu.
E o meu olhar se desdobra
Enquanto nada de ti cobra
Apenas quer te ver feliz
Do modo como eu também quis.
Embora querer não seja poder
E a dor da distância tanto esteja a doer
A aflição desperta os sentidos
E a vontade de te ter mais comigo.


sábado, 17 de outubro de 2015

Inseguro

Sinto-me inseguro
Em relação ao futuro
Não sei nem onde estás
Esta distância é demais!
Você não me aparece
Nem notícia me manda
Por mais que eu faça prece
Nosso amor só desanda.
Padece da falta de tudo
O coração fica mudo
Nada de ti posso ver
Começaste a me esquecer?
Pareço não ser mais nada
Sem importância na tua estrada
Tudo o que aconteceu
No fundo, parece que morreu.


sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Desvios

Passos trocamos esguios
Pelas curvas e desvios
Que a vida assim nos prega
Sem aviso de pronta-entrega.
A pular pelas janelas
Ou saltar pelas calçadas
Com as almas escancaradas
Feito amores de novelas.
Que espalham sofrimentos
À espera de um alento
Que, às vezes, só acontece
Quando você aparece.
E toma conta de tudo
A me deixar quase mudo
Com a respiração ofegante
E muitos sussurros uivantes.


quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Atrevida

Quero ser na tua vida
O que não posso ser na minha
Uma saudade atrevida
De tudo em mim se avizinha.
Como és quando me encontras
E o teu desejo desponta
Como jamais encontrei
Em nada de o que deixei.
Pela vida, pelo caminho
Faço tudo pelo teu carinho
Em teu amor me entrego
Sou apaixonado, não nego.
E se te tenho de quatro no quarto
É porque atrevida és
Por tudo isso me mato
Para ficar jogado aos teus pés.


quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Ardência

Às vezes estar na defesa
É defender-se da dor
Porque viver na incerteza
É uma das faces do amor.
Amor que se nos apresenta
Com gosto de verde pimenta
A queimar com sua ardência
Deixa em quem gosta dependência.
Arde em mim um desejo
Que em nada se completa
Então, quando te vejo
A vida transforma-se em festa.


terça-feira, 13 de outubro de 2015

Alazão

A vida passou por mim
E nem percebi
Que na crina daquele alazão
Estava você, minha paixão.
Mas, nem minha paixão era
No máximo, uma quimera
Sonho completamente impossível
Por ser, de todo, incrível.
Uma ilusão, uma ousadia
Ter você, minha um dia
Quase um conto de fadas
Que não daria em nada.
O alazão parou na minha porta
E hoje o que mais importa
É você na minha vida
Nesta paixão desmedida.


segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Profunda

Bate uma saudade intensa
E a alegria que era imensa
Transforma-se em dor profunda
Da tua falta é oriunda.
E me afundo mais em saudade
Triste é esta realidade
Ainda que longe o amor é imenso
Por não conseguir ser mais intenso.
Fere o corpo, a alma chora
Depois que você foi embora
Nada mais faz sentido
Se não estás comigo.
A dor, a mim desespera
Com toda esta espera
Fico até sem dormir
Quando não estás aqui.


domingo, 11 de outubro de 2015

Carne

O doce mel que do teu corpo exala
Tem o poder até de transportá-la
E penetrar por dentro da minha carne
Feito uma lâmina que ao entrar arde.
O sangue queima à circular nas veias
Já não consigo me libertar das teias
O teu sorriso chegou sem alarde
E dominou o todo da minha carne.
Hoje não penso em ti apenas carnalmente
És dona de todo o cinza da mente
Em cada parte do corpo que arde
É um pedaço teu em minha carne.


Vozes

Vejo-te até em quem não passa
Sentado em um banco de praça
Sinais de que começo a ouvir vozes
A falar intensamente de nós.
Passos que sobem a escada
E chegam até a sacada
Daquele prédio abanado
Como eu sem você ao meu lado.
Intensificam-se os delírios
As vozes que encobrem a visão
A cabeça dá mil giros
Como um incontrolável balão.
Ao te ver devo ter enlouquecido
Perdido a noção do perigo
Por isso estou hoje a vagar
Tentando te reencontrar.



OBS: Post do dia 10/10/2015

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Ousares

Em ti faço o meu Deus
Por não te ter Deusa
São teus todos os desejos meus
De me esquecer, tu não ousas.
Mas se ousares não deixarei
Porque em ti viverei
Em todo o teu pensamento
Estarei a cada momento.
Sem que possas te libertar
Da nossa forma de amar
Ninguém mais te fará feliz
Da forma como a ti fiz.
E faço se ainda deixares
Que ouse os meus ousares
Quando menos esperares
Lembrarás dos nossos amares.


quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Escolta

Ao escolher nosso destino
O destino foi cruel
Como em um toque divino
Misturou mel e fel.
O mel de um amor infinito
A cada dia mais bonito
Misturado com o fel da saudade
Que a todo momento nos invade.
Sem pedir para entrar ou sair
Se sai, em segundos, volta
Ao chegar a hora de partir
Deixa a saudade como escolta.
Perfilada lado a lado
Temos encontro marcado
A falta que você me faz
Dói e não termina mais.


quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Nossos laços

Quando passas ao meu lado
Fico assim, embasbacado
Com o teu jeito de andar
E a forma de me olhar.
É como se ficasse encantado
Pelo teu andar cadenciado
De quem revela o que esconde
Mas eu ainda não sei onde.
Revela a mim o teu segredo
Deixa que eu perca o medo
Perca seu medo também
Sou teu, de mais ninguém.
Quero ficar admirado
Por viver ao teu lado
Amanhecer nos teus braços
Fortificar nossos laços.


terça-feira, 6 de outubro de 2015

Açoite

Sou teu no meio da noite
Neste intenso açoite
Que afeta o juízo
E diz tudo o que preciso.
Mesmo que não diga nada
E seja apenas um conto de fadas
Esta coisa que nos une
Como intenso perfume.
Que toma conta das narinas
Como meninas femininas
Que provocam a mulher
Que você quer ser e o é.
A açoitar minha memória
Dona da minha história
Digo a ti que hoje estou
Dono do teu amor.


segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Agonias

Assim, tão poeticamente falando
A ti fui me entregando
Enquanto passavam os dias
De saudades e agonias.
No entorno de cada manhã
Mais me tornava teu fã
Aumentava a minha paixão
E eu te louvava em adoração.
Fostes feitas Deusa, mulher intocável
Beijá-la era um sonho inimaginável
Fiz de ti inúmeras elegias
Para esconder a minhas agonias.
O corpo tremia, a mente não parava
De te levar, inteira, para a minha casa
Quando o dia amanhecia
Tudo não passava de fantasia.


domingo, 4 de outubro de 2015

Assombro

És a fonte dos meus desejos
Dessa louca vontade dos teus beijos
Macios toques pelo corpo
Mãos a deslizar pelo teu rosto.
Boca a tocar na tua boca
Nesta sensação louca
Exorbitante vontade
Controlada pela saudade.
Se existia controle dos urros
Foi completamente perdido
Ao ouvir os teus sussurros
Ao pé do meu ouvido.
Meu gozo se expõe assim
Jorra na tua flor de jasmim
Descansa na paz do teu ombro
Por mais que isso seja um assombro.


Sem sentido

Você é minha vida
Nesta ensandecida
Vontade de amar
Sem se entregar.
Como se fosse possível
Algo assim, tão incrível
Deixar se dominar pelo amor
Sem que haja nenhuma dor.
É como se fosse um passado
Ainda inacabado
Que voltasse a todo instante
Para me deixar melhor que antes.



OBS: Post do dia 03/10/2015

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Retina

Olhar-te nos olhos
É ver refletida
Na menina escondida
Multicores da retina.
O brilho da tua íris
Em coloridos arcos
Momentos livres, felizes
Feito velas em barcos.
Espelho límpido, natural
Lágrimas clareiam cristais
De orvalho sobrenatural
Em nós estamos mais.
Presos e enamorados
Em cristais de retina armados
Para lapidar a alma
Que descansa em águas bravas.


quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Emoções

Violentas emoções nos envolvem
Nada mais nos demove
Quando o amor acontece
Vive em forma de prece.
É como se a dor fosse algo
Capaz de passar logo
E não deixasse qualquer marca
Nada a mais que se destaca.
Um olhar fala por nós
Substitui a nossa voz
Mexe com todos os sentidos
Como fez com você e comigo.
Se viver longe de ti
For meu maior castigo
Prefiro não estar aqui
E nada ter acontecido.