Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Longe de ti

Tenho poucas coisas a fazer
Se estou longe de você
É como se o aqui
Fosse parte do devir.
Mas, no devir não vens
E não sei o que tens
Nem por onde estás
Muito menos para aonde vais.
Mesmo que você chegue
E a mim, toda, se entregue
Ficará a sensação
Quem não houve sim ou não.
É tudo muito estranho
Embora em ti me entranho
Mas parece que não houve
O tudo que nos comove.
Por isso longe de ti
Fica uma dor a me perseguir
Se não estou ao teu lado
A mim só resta o passado.


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