Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Fome

Estremeço ao te ver sorrir
Com esses olhos de fome
Um jeito de quem me come
Sem que eu possa reagir.
Um fogo sobe e desce
Com intensa voracidade
Ao morder a língua me aqueces
Na mais louca intensidade.
Fico a imaginá-la em mim
A me explorar o corpo
Não sei o que faço, enfim
Diante de desejo tão louco.


quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Cura

Teu amor sempre foi a minha cura
Até para os acessos de loucura
Quando a distância nos afasta
E fica a sensação de um "basta".
Ou o silêncio toma conta
Nem uma mensagem desponta
No LED do Smartphone
Já não sabes meu nome?
Vivo como um demente
Um viciado, um dependente
A sentir crises de abstinência
Até em segundos da tua ausência.
Até mensagem de SMS
Vale mais que uma prece
Para me tirar a sensação
De que perdi a razão.


terça-feira, 29 de outubro de 2013

Sonífero

Basta ouvir a tua voz
Para uma calma atroz
Dominar a minha alma.
O que era insônia vira sono
Entrego-me ao abandono
Esqueço a dor e o trauma.
É por isso que quando ti ouço
Começo a abrir a boca
Nasce uma vontade louca
De a Morpheu me entregar.
Tens o poder de tirar
A vontade de dormir
E me fazer te amar
Sem pensar no que pode vir.
Ao mesmo tempo me acalma
Enches de paz minha alma
Entrego-me inteiro ao cansaço
Se me imagino em teus braços.


segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Insônia

Acordo no meio da madrugada
Como se estivesse estressada
Olho para o teto ou na parede
Não estás para matar a minha sede.
Quero sugar meu alimento
De ti não me contento
Quanto mais tenho, mais quero
O homem que adoro, que venero.
Que além de me tirar o juízo
Tira-me a vontade de dormir
Meu gosto por ti não se desfaz
Toda hora te quero sempre mais.
Com isso aumenta a minha fome
Meu desejo por ti não some
Talvez, por pura ironia
Olho pro lado e a cama está vazia.
Aí é que o sono não chega
Madrugada se transforma em dia
Perco até a vontade de viver
Se não tenho como encontrar você.


Vigustação

Basta dirigir a ti meu olhar
Para o coração disparar
E comê-la inteira
Mesmo antes de tê-la.
Os sentidos se embaralham
A vista parece turva
Olhos de fome se espalham
E param em cada curva.
É como se a degustação
Saísse da boca para a visão
Cada vez que saboreio
O bico intumescido do teu seio.
Como-te com os olhos
Pratico a vigustação
Em gotas desces pelos lábios
E salivo com a minha visão.



OBS: Post do dia 27/10/2013

sábado, 26 de outubro de 2013

Completos

Meu corpo se completa com o teu
Minha mente se completa com a tua
Completos ficamos, tu e eu
Quanto te tenho completamente nua.
Repletos de desejos quase insanos
Inteiramente inumanos
Insaciáveis, queremos sempre mais
Como, no cio, ficam os animais.
Comemos e somos comidos
Dos pés aos lóbulos dos ouvidos
Ao beber tudo o que sai de ti
Completo o meu sonho de existir.
De ser teu e tê-la minha, não à míngua
Sugá-la, mordê-la, descer a língua
Desabrochar, pétala a pétala, tua flor
Em nosso ritual de magia e de amor.


sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Mutações

O mais singular de nós
É que o tudo sonhado
Ganha contornos de real
E tudo o que é real
Sempre parece sonho.
Quadros de um filme
Passam pela retina
Mutações ínfimas
Entre o real e o imaginário.
Passo a te imaginar
Em orbitas digitais
A pular das fantasias
Em fúria de animais.
Feras a se refestelarem
Com a comida que brota do corpo
Feito sementes de frutas a vingarem
Em mutáveis plantações de um horto.


quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Dor maior

Entendo o teu ciúme
Como sinto o perfume
Dos momentos contigo
Teu corpo, meu abrigo.
Não quero ter recaídas
Nem reações incontidas
Pra mim já é passado
O homem que vive ao teu lado.
Odeio pensar que ele te toca
E tem direitos sobre ti
Escondo a dor que me sufoca
Para não cair em si.
Nem sentir ciúme posso
Se ainda quero te ter
A dor profunda não demonstro
Por medo de te perder.
Ainda assim sobrevivo
Como sobrevive o sentimento
Não sou eu quem vive contigo
Quer maior sofrimento?


quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Destemor

Não temo que o nosso amor
Seja superado pela dor
Nenhuma decepção
É maior que a nossa paixão.
Incomparável encontro de energias
Almas em completa sinergia
Corpos que se grudam afoitamente
Como se os dois fossem dementes.
Estranho desejo insaciável
Amor de força inabalável
Intensas explosões por todo o corpo
De um amor que é cada vez mais louco.


terça-feira, 22 de outubro de 2013

Incredulidade

Cada vez que te encontro
Aumenta mais o me amor
Como irei suportar
Se assim não mais for?
Já não sei mais o que faço
Só quero estar em teus braços
Como conter essa emoção
Que toma meu coração?
E aumenta a cada dia
Tamanha incredulidade
Razão da minha alegria
Motivo da minha saudade.


segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Personagem

Fico sempre com a sensação
De que tudo não passou de um sonho
Que és só a personificação
A surgir dos versos que componho.
É como se a personagem
Brotasse de cada verso
E traços da tua imagem
Formassem meu universo.
Brotas dos meus sonhos
Como uma louca fantasia
É como se o Deus Cronos
Tirasse você de mim todo dia.
E TUDO do que fazemos
NADA fosse real
TODO o amor que vivemos
Seria sobre natural?


domingo, 20 de outubro de 2013

Seres

Quisera ser um ser divino
Para ser um do Olimpo
Ser divinal desde menino
Sem pecado, ser limpo.
No Olimpo só habitavam
Deuses para maiores de 21
Quando a vida ficava um saco
Bastava ir a uma festa de Baco.
Se hoje quero ser divindade
É pra tentar conviver com a saudade
De um ser divino que é você
Que eu não consigo esquecer.
Mesmo se esquecer quisesse
Entras nas minhas preces
De Pai Nosso à Ave Maria
Ou nas minhas heresias.
Consegues ser até sem ser
Néctar que adoça meu ser
Sedutora, santa e divina
Com o ar puro de uma menina.


sábado, 19 de outubro de 2013

Magia

Poucas vezes me vejo
Prisioneiro de um beijo
Mas esta tua língua de felina
Me amarra e fascina.
Até de longe sinto o deslizar
Dela por todo o meu corpo
Acende todo o meu tesão
Arranca-me da depressão.
O abismo em que estava
Sem forças para reagir
A tristeza me minava
Sem motivos pra sorrir.
Bastou ouvir dos teus lábios
Palavras de encanto e magia
Para uma luz se acender
E alegrar o meu dia.
A força do teu amor
Modifica o meu mundo
E aquela extrema dor
Morre segundo a segundo.


sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Renascimento

Fiquei a imaginar
Não sair mais dessa escuridão
Basta-me te encontrar
Para disparar meu coração.
O desejo louco renasce
Em cada canto da face
O corpo explode de desejo
No toque de pele, no beijo.
Respirar já não consigo
Perco a noção do perigo
Quero tua mão a me explorar
Não importa qual seja o lugar.
Nem que haja risco:
O proibido é mais gostoso
Quero tê-la em meus braços
Poder amá-la de novo.


quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Abismo

Tento vencer esta força
Que me puxa para o fundo
É uma tristeza louca
A te sentir sair do meu mundo.
Olho pra cima e vejo
Há uma luz a brilhar
Quero sair deste poço
Pela força de te amar.


quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Assombração

Um fantasma do passado
Brotou hoje das trevas
A mim impôs um pavor
Instalou no peito a dor.
Voltei inteiro a 2009
Humilhação que não se move
A perturbar o meu dia
E tirar a minha alegria.
Gritos ao meu ouvido
Marcas de uma agressão
Pensei já ter superado
Tamanha decepção.
Tudo voltou em um estalo
E provocou tanto abalo
Que se não fosse você
Viria a enlouquecer.
É teu amor que me cura
E me afasta da loucura
Morro se te perder
Se não puder mais te ter.
Preciso afastar do coração
Essa intensa assombração
Que se apossou do meu peito
E me arrasou por inteiro.
Perdi o gosto pela vida
Tudo agora me deprime
Saber que por mim tens amor
É o que ainda me redime.
E se eu não te amasse tanto
Hoje teria enlouquecido
Sem a força do teu aamor
Talvez tivesse morrido.


terça-feira, 15 de outubro de 2013

Espinhos

Não tenho mais ilusões
De que possa mudar o mundo
Tristeza e decepções
Hoje me ferem a fundo.
Sofri antes e fiquei
Profundamente angustiado
Pois tinha quase certeza
Que o destino estava traçado.
Esperei quieto em meu canto
Confiando cegamente
Mas para o meu desencanto
Nada foi surpreendente.
Amo-te desesperadamente
Mas não faço parte do teu mundo
É doloroso ver o ambiente
A liquidar um amor tão fecundo.
Triste é ver os espinhos
Deixarem lascas pelo corpo
O sangue a brotar das feridas
Que a nós foi impingida.
Dor maior eu só senti
Ao fazer "Sinfonia da dor"
O coração chora desesperado
Por dentro, dilacerado.


segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Angústia

Fico com uma sensação de angústia
Quando sei que estás mal
É como se me tomasse a impotência
Uma tristeza sem igual.
O cansaço domina meu corpo
Como se forças não tivesse
E se tento reagir
Até o coração padece.
Parece diminuir no peito
Pressionado pela dor
É algo tão intenso e forte
Que tenho medo até da morte.
Arrancarei essa tristeza
Não darei espaço angústia
Nosso amor é nosso guia
E nos devolverá a alegria.


domingo, 13 de outubro de 2013

Reencontro

Cruzo meus olhos com os teus
Sorriso lindo, benção de Deus
A vida tem brilho quando te vejo
O brilho tem vida quando te beijo.
Fecho os olhos e passo a rever
O filme de encontros e reencontros
O vaivém dos nossos corpos
A arrepiar os nossos poros.
Vejo-me a te libertar das roupas
Cheiros no teu pescoço, beijo na boca
Línguas a se enterrarem em trocas
Sugadas, em ânsias loucas.
Desejo que se multiplica em cada encontro
Reencontros que nos deixam ansiosos
Como se a primeira vez fosse sempre hoje
E nunca mais houvesse o depois.


sábado, 12 de outubro de 2013

Menina dos olhos

Descubro na menina dos olhos
A criança que permanece em ti
Na suavidade do sorriso
Encontro a pureza d´alma.
De menina sapeca na infância
Arteira na arte de amar
No dengo com que move os lábios
Agora, adulta, a me chamar.
De teu, tudo, homem, macho
Faço-me até de capacho
Se isso prazer te der.
O que mais quero é ver
Na menina dos teus olhos
Esse fogo ardente,
Desejo de mulher.
A queimar como febre insana
Inteira mente e corpo
Sentir-me completamente louco
Ao leve toque dos teus lábios roucos.


sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Teu amado

A saudade entra na casa
Senta-se na sala
Cruza as pernas e me olha
Desde que você foi embora.
Chega a rir da minha cara
Esnoba meu sofrimento
Soberana se instala
No todo do pensamento.
Tento mandá-la embora
Ela ri alto e me esnoba
Como se mandasse um recado:
Ninguém esquece o ser amado.
Deito-me, levanto-me todos os dias
Em intensa e eterna agonia
Se não estás ao meu lado
Sinto-me inteiramente abandonado.
Se perto estás, esqueço tudo
No peito já não bate um surdo
Coração pela dor esfacelado
Sou, de novo, inteiro, teu amado.


quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Permissão

Às vezes a saudade bate
Tenta entrar sem permissão
Quando estás longe sofro sempre
Com essa desagradável intromissão.
Como se para sentir falta
Fosse preciso uma saudade arredia
A me fazer te ver a cada instante
Em todos os locais, durante o dia.
É como se vivesse em agonia
Em eterna aflição
Querer explorar o teu corpo
A distância não dá permissão.
Não lembrar de nós,
Talvez fosse o remédio
Mas a saudade é atroz
Você está em mim, e te hospedo.
Em cada pelo do corpo
Nos sangue que corre atrevido
Quando feito um animal louco
Liberto tuas curvas do vestido.
E te tomo inteira nas mãos
Percorro entrâncias e vãos
Enterro minha alma em teu corpo
Não paro nem na hora do gozo.


quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Nos braços

Tiro os olhos da vida que passa
E leva meus sonhos em um voo
Da ave de aço que corta o espaço
Com meu amor em seus braços.
Balanços embalam seus sonhos
E me deixam uma imensa saudade
Nuvens entrecortam lembranças
Fico cheio de esperanças.
De as aves que cortam o ar
Em frenética arribação moderna
Trazem e levam seus ninhos
Recanto dos nosso carinhos.
Resta-me esperá-la do voo
Da arribação temporária
De braços abertos te acolho
No calor da nossa casa.


terça-feira, 8 de outubro de 2013

Sendas

Sendas, frestas e sombras
Ressaltam teu desenho
Como tatuagem rabiscada
Nos traços das coronárias.
Que se bifurcam circunflexas
Em válvulas aórticas
A bombear letras soltas
Do sentimento que a ti dedico.
Entre sendas e bifurcações
A, R, M e O dançam sensuais
Nossos corpos acompanham
O doce balé dessas letras.
Que batem nas paredes arteriais
Em combinações, às vezes, odiosas
Outras, suaves e formosas
A nos transformar em animais.
Que fazem do sexo amor
A junção perfeita das letras
Nenhuma senda de nós se respeita
Tudo é corpo pra quem se deleita.