Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Explicação

Às vezes para e penso
Sem encontrar argumentos
Nem qualquer explicação
Para esta intensa paixão.
É algo muito difuso
Chega até a ser confuso
O corpo goza e estremece
Mas é como se nada acontece.
Fica aquela sensação
Que foi sonho ou ilusão
Um amor assim excepcional
Que parece tão irreal.
E fica sem explicação
A força de tamanho tesão
Que nos embriaga dia a dia
Fonte de intensa alegria.


domingo, 28 de fevereiro de 2016

Natural

A idade para algumas pessoas
É coisa que nem o tempo caçoa
Quanto mais passa, mais bela ficas
Tua pele mais se intensifica.
É como se todos os cremes
Agissem de forma natural
Envelhecer, não temes
É um processo normal.
Experiência e muita sabedoria
Juntam-se em alquimia
E se nos apresentam no sorriso
Com o tempo, mais incisivos.
Só não dominamos o desejo
E este intenso tesão
Natural é o nosso beijo
Marca da nossa paixão.


sábado, 27 de fevereiro de 2016

Hino

Entrego a ti todo o meu destino
Em louvação, em forma de hino
Quero adorá-la a vida inteira
Ao elegê-la minha companheira.
Para que de mim não saias jamais
E vivamos como dois animais
A comer um ao outro sempre
Como a rotina de quem sente.
Um desejo quase incontido
Divino hino concebido
Para incensar este amor
Marcado pelo calor.
De quem se entrega e canta
Em forma de hino, uma dança
De corpos inteiramente colados
Amor que nos deixa suados.