Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Nossos corpos


Depois do amor nossos corpos
Não conseguem ser apenas nossos
Um se torna do outro em amálgama
Como se fossem uma só alma.
Pulam do corpo e voam
Uma ao encontro do outro
Como meras energias do universo
Grudam-se em ritual de magia.
E é intenso, forte, quase animal
Esse amor que de forma letal
Nos transforma em seres sagrados
Quando, desfalecidos, permanecem grudados.
Entregam-se rapidamente a Morpheu
Alma a alma se encontram no ar
Reencontram até Prometeu
Nesta viagem entre o céu e o mar.
Nuvens azuis redesenham a loucura
Em blocos de neve que vagam infinitos
Nossos corpos unidos retomam a ternura
Voltam a respirar em ritmo ainda aflitos.
É como se as almas retomassem o lugar
Após nos deixarem na hora do gozo
Difícil entender nosso jeito de amar
Assim tão intenso, cada vez mais gostoso.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Sem teus braços


Sonho com o teu beijo molhado
Ou aquele cheiro no pescoço
Que provoca alvoroço
A arrepiar a alma.
Perco totalmente a calma
Não encontro o juízo
Tropeço na sensatez
Ao me perder de vez.
Chuto pra longe a razão
E fecho os olhos pro mundo
Quero o fogo dessa paixão
A me queimar a cada segundo.
Minha pele arrepia
Só de te ver ao longe
E se te aproximas
Perco até a rima.
As pernas ficam bambas
Vem a sensação de culpa
Contra esse louco desejo
Vivo em eterna luta!
Todos os dias penso
Em jogar tudo pro ar
Largar o que construí
Só pra me entregar.
E este louco amor
Que me toca os sentidos
Chego até a ouvir
Todos os teus gemidos.
E quando a noite chega
Não estás em meu braços
Castigo ou pesadelo?
Não sei mais o que faço!

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Fuga


Você deixa a porta do quarto entreaberta
Pé ante pé venço o curto espaço
Que separa o meu quarto do teu quarto.
Entro sem bater e te encontro ofegante
A olhar-me inteiro, um tanto incrédula
Pulas em meu pescoço e tascas aquele beijo
Que durante tempos foi nosso desejo.
Arrancas o fio de juízo que eu ainda tinha
Rasgo tuas roupas e te faço minha
Urramos de prazer boca colada na boca
Para que não escutem os ecos dessa paixão louca.
Um gozo descomunal nos leva às nuvens
Fica cada vez mais difícil conter nossos gritos
É tamanho o prazer que as almas se fundem
Nossos espíritos misturam-se em ritos.
Exploro cada milímetro do teu corpo
Com a ponta felina da língua
O amor que a gente faz é tanto
Que a força, aos poucos, míngua.
Desacordados encostamos o peito de um no outro
Fechamos os olhos para tudo o que for realidade
A nós pouco importa se é real ou sonho
Vale mais que tudo sentir saudade.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Diferentes


Somos polos opostos
Do que está posto aí.
Você tão incolor quanto água
Eu da cor do açaí.
A finesse em forma de gente
Um diamante, um pingente
Joia rara lapidada
Lua a brilhar na madrugada.
Eu, sol de meio dia
Grãos de areia no deserto
Como podemos ser tão diferentes
E nos amarmos de longe ou perto?
É a própria pureza
De uma noite de verão.
Eu, um corpo a queimar em brasa
Feito a fúria de um vulcão.
Somos a cara e a coroa
Dessa moeda que sechama vida
Adoramos um ao outro
Com uma força desmedida.
Diferentes que se atraem
Atraídos que se diferem
Cada ente é um ser
Mentes e entes diferentes.
Por isso a ti complemento
Assim como a mim completas
Desde então a vida tem outra cor
Nossos corações batem em festa.
Ao olharmos um para o outro
Até quando imaginamos
Um ao outro o corpo tocar
Cada vez que nos amamos.
Lindo é tocar tua alma
Maravilhoso é dominar tua mente
Até nos momentos mais íntimos
Somos como a água e o solvente.
Isso nos faz mais humanos
Embora, às vezes, desesperados
Ao pensar que há um outro
Ser ao meu lado e ao teu lado.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Paz


Há exatos trinta dias
Por uma dessas ironias
Que só o destino faz.
Tirei a mágoa que me corroia
E como em um passe de magia
Estabelecemos a paz.
Desde então o que nos alenta
É um amor que só aumenta
Uma saudade que não passa
E até um ciúme que mata.
Só não será capaz de matar
Um amor tão forte, puro e lindo
Saberemos dominar esse monstro
Que, aos poucos, fica nos consumindo.
Um respira pelo outro
Pensa, sente, e se desespera
Só de imaginar que outro corpo
Do corpo do outro se apodera.
Tenho ciúmes até do vento
Da água que em teu corpo desliza
Não ser o todo do teu pensamento
Dá medo, a mim aterroriza.
Cada milímetro da tua alma
É minha, sou tua, e isso me acalma
Mas, quando perto não estás
Já não me controlo mais.
É um ciúme que me corrói
Chego a morrer de medo
Só não posso confessar:
Este é o meu maior segredo.
Vivo a fingir toda hora
Que por ti não sinto nada
Para só poder me entregar
No meio da madrugada.
Já não consigo dormir
Com essa vontade voraz
De me entregar a ti, inteira,
Em ritual de amor e paz.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Insaciável


Sou quase um bicho
Uma fera sem eira
A fuçar pelas beiras
Teu macio corpo.
Um louco instinto
A mim torra o juízo
Perco a capacidade de racionar.
Quanto mais tenho
Mais quero teus beijos
Abro todas as portas:
Podes me explorar.
Só quero sentir essa ponta de língua
Como de um felino, o meu corpo tocar.
No início, amável
Depois insaciável.
Como um cão nervoso
Passo a te lamber.
Engulo tua língua
Chego a morder os lábios
Em completo cio
Mordisco os mamilos
Desço até o umbigo:
Volto a subir macio
Teu cheiro de fêmea
Leva-me ao lugar.
Poço dos desejos
Maçã do pecado
Prendo-me em teu fruto
A me deliciar.
Ao sugar o néctar
Ouço teus gemidos
A cada mordida se transformar
Em gritos, em urros ensandecidos:
É insaciável o desejo de te amar.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Louca


Louca é esta saudade
Que me assola, que me invade
Quando não te sinto perto de mim.
Louco é este desejo
Esta vontade imensa de um beijo
Cada vez que passas ao meu lado.
Safado, cretino e malandro
É este teu jeito cigano
De sumir e depois retornar.
É neste jogo de idas e vindas
Desta constante presença e ausência
Que sinto a minha demência
A cada dia aumentar.
Quero-te inteiro em minha cama
A sussurrar no ouvido
A dizer que me ama
Todas as vezes que eu levantar.
Chego a te sentir explorar o meu corpo
Teus lábios nos meus a me sufocar
As mãos pelas costas atiçam o fogo
Uma febre louca me faz se entregar.
Aos delírios dessa fantasia
Dessa magia, das peles a se encontrar
Quando tua boca, meus mamilos tocam
Cores do arco-íris me fazem desmaiar.
Ao abrir os olhos, tua boca quente
Mastiga as pétalas da minha flor natural
Novos arco-íris pipocam do nada
Sinto um prazer quase descomunal.
Quando sugas o pólen, mordiscas guloso
Engoles meu néctar de maracujá
Meus urros, gemidos e gritos lancinantes
Completam a loucura de a ti me entregar.

Inconsequente


Vivo sobressaltada
Com esse amor que me consome
Corrói o meu cérebro
Mastiga os miolos
Circula nos poros
A me enlouquecer.
Já não sou mais eu
Quando estou sem você
Se não te vejo perto
Chego a delirar.
O corpo estremece
A pele padece
A garganta seca
Perco os sentidos.
Meu amor por ti é pleno, é tão forte
Que me tira qualquer tipo de suporte
Quando não estás chego a ficar doente
Dói demais sentir uma amor inconsequente.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

À noite


A ti espero, em casa, hoje à noite
Para me tomar nos braços, em açoite
E às nuvens a mim levar
Para que eu descubra em deleite
E inteiramente aceite
As delícias de a ti me entregar.
Não espero que sejas tímido
Nem que ajas como um menino
Quero esse macho, essa fera
Que a minha mente degenera.
Não quero saber de sensatez
Nem do que é certo ou errado
Só quero viver essa loucura
De tê-lo sempre ao meu lado.
Homem, amante, companheiro
Quem me toma por inteiro
Na cama, no chão ou no sofá
A mim só me importa te amar.
Insaciáveis na entrega, infindáveis no desejo
Completamente loucos no todo
A madrugada chega com o deleite
De estarmos juntos após o gozo.
Agarradinhos a descansar
Depois da lúdica noite de encanto
Somos incapazes de virar
Cada um para o seu canto.
Acordar ao teu lado
Encostada no teu peito
É tudo o que quero da vida
Esse é meu sonho, é meu jeito.
De te amar por inteiro
Até quando não te tenha perto
Por isso, às vezes, acordo como hoje
Colada ao meu travesseiro.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Tentação


A vida é um mistério
Que se levado ao extremo, a sério
Assemelha-se a um vulcão
Que a qualquer momento explode
Entra em plena erupção.
Quando tudo parece quieto
E nada é capaz de te abalar
Vem a vida e te devolve
Toda a capacidade de amar.
E com tanta intensidade
Nunca antes sentida
Você se entrega ao sonho
Começa a planejar nova vida.
Passam o dia inteiro
Como dois adolescentes
Um não tira mais o outro
Um segundo sequer da mente.
O que parecia improvável
Chega e me abala geral
A mim desestrutura por inteiro
Passa a ser meu ideal.
Desejo recebê-lo em minha casa
A me pegar pra namorar
Sonho que sejas tão ousado
Que não temas meus beijos roubar.
Que não se preocupe com vizinho
Nem com quem passa na rua
Que ali mesmo, dentro do carro
Eu seja completamente tua.
E em cada esquina da cidade
Aumente a intensidade
Que me tomes inteira nos braços
E mande o juízo pro espaço.
Se na vida real não posso
Realizar minhas fantasias
Em sonho faço tudo contigo:
Você preenche os meus dias.
Talvez nunca chegue a transformar
Meus sonhos em realidade
Momentos como esses, porém, vão marcar
Tua eterna presença em minha saudade.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Meu vício


Não quero mais saber de Facebook
Twitter, Instragram ou FourSaquare
Hoje a única coisa que me importa
É tê-la, pra sempre, minha mulher.
Basta um mero desentendimento
Para eu quase enlouquecer
Se você diz que melhor é o fim
Fico como se estivesse a morrer.
Minha vida perde o sentido
Não sei mais a noção das horas
Tudo fica em parafuso
Se dizes que vais embora.
Nunca te toquei mas não posso
Imaginar alguém a te tocar
Teu corpo é como meu templo:
Só eu posso adorar.
Sempre fui equilibrada
Um exemplo de sensatez
Agora a única coisa que sei é:
Perdi completamente a lucidez.
Você nem pediu licença
Ocupou todos os espaços
Deixa-me sem respirar até de longe
Não sei mais da vida o que faço.
Eu aqui do meu lado divido
A mesma sensação contigo
Vivo a me perguntar o dia inteiro
Onde foi parar o meu juízo?
Vivo um amor platônico
Nem perto posso chegar
Teu amor agora é meu vício
Não sei me desconectar.
É algo tão forte e louco
Que domina meus hormônios
Serei condenado a presidir pra sempre
A Associação dos Amantes Anônimos?

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Bom dia!


Meu dia só começa bom
Quando recebo o teu "bom dia"!
Seja ao vivo ou por telefone
Ou em SMS no Smartphone.
Até o sol que estava acanhado
Agora parece mais ensolarado
O dia que estava sombrio
Ganha luz e novo brilho.
Saber de ti é meu oxigênio
Invade-me como o ar que respiro
Estás em tudo o que faço
Até no suor que transpiro.
Não é diferente quando chega a tarde
Só se torna boa se falo contigo
Chega a noite e bate um desespero
Quando deito e só tenho o travesseiro.
Você chegou e ocupou todos os espaços
Cada milímetro da minha vida
"Bom dia!", "Boa tarde!", "Boa noite!", "Boa madrugada!"
Só assim posso me sentir querida.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Entregue

Vejo tua foto avidamente no Smartphone
Ouço tua voz a sussurrar meu nome
Na tentativa de minorar essa saudade
Que há dias a minha alma consome.
Não largo um minuto o meu celular
Te sinto em cada música no rádio a tocar
Dominas todos os espaços do meu pensamento
No mais lindo e louco dos sentimentos.
É como se toda a minha vida fosse sua
E até o meu corpo, sem nunca ter sido
Como posso me sentir tua inteira
Sem você nunca ter me possuído?
Não faz nem um mês, eras um desconhecido
Um nada em minha vida a qualquer hora do dia
Hoje de ti não esqueço um minuto
És "meu amor lindo" a cada segundo.
Por mais que eu lute, por mais que eu negue
Já não encontro forças para resistir
Hoje estou completamente entregue
Sou tua, inteira, faz o que quiser de mim.


sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Entusiasmo


Você que tem um Deus na alma
Deu nova alma a minha vida
Despertou meu corpo para o desejo
Ao me fazer de novo se sentir querida.
E é com entusiasmo que te vejo entrar
Meu coração pulsa, visita o céu da boca
É tão forte que chega a me sufocar
Às vezes penso que me transformei em louca.
Vibra o corpo inteiro quando estás por perto
Quero larga tudo e cair nos teus braços
Onde foi parar minha serenidade
E os meus tão bem-construídos laços?
Nada mais me interessa se não estou contigo
Já não quero mais te ter apenas meu amigo
A mim pouco me importa o que de ti dirão
Sigo a força interna do meu coração.
Que dispara louco quando te aproximas
Viro adolescente, quase uma menina
Sonho com o teu corpo colado ao meu
Meu homem és uma dádiva que a vida me deu.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Água


Hoje sou a tua água
Que ao teu corpo delicia
A inundar macia
Cada milímetro de pele.
Leve, me aproprio do teu corpo
Desço, macio, ficas louca
Ao sentir pele com pele.
Teu corpo umedecido
Arrepia-se em gemidos
Que querer se entregar inteira.
Já não temos mais juízo
Nada importa, nem o perigo
De desvendarem nosso amor.
Tudo na vida ficou secundário
Diante desse santuário
De te fazer minha cachoeira.
Após deslizar sobre as pedras
Como a vulcanizar minha alma
Tu, minha água, vens, mansa calma
Domar a mim, tua fera.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Aflição


Adoro tudo o que escreves
Esse teu jeito leve
De me transformar em mulher
De fazer renascer em mim a fêmea.
É lindo não precisar nem te tocar
Sentir o corpo inteiro vibrar
Esquecer razão e equilíbrio
Pra viver tudo contigo.
Depois bate um arrependimento
Chego a sentir sensação de culpa
Prefiro, porém, aproveitar o momento
Para ser tua, inteiramente maluca.
Não digo que a culpa se acabe
Ou que seja minimizada
Mas, Óh Pai, será pecado?
Se deixar amar e ser amada?
Não sei mais o que pensar
O que dizer, o que fazer
A única certeza que tenho na vida é:
"Eu amo muito você".
É duro admitir isso
Na minha situação
Homem nenhum porém
Foi tão fundo em meu coração.
Estou sem rumo, nada me importa
Se ele não estiver por perto
Permita-me, Óh Pai, que eu não faça
Nada que seja desonesto.
Quero este homem como nunca quis ninguém
Durante toda a minha vida
Meu corpo vibra e umedece
Cada vez que ele aparece.
De joelhos, rogo, aos deuses
Não façam isso comigo!
Se tudo o que fiz é pecado
Que ele seja só meu eterno amigo.