Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Ignorado


Pior do que não ser amado
É ser ignorado
Pela pessoa amada.
É a sensação de não-saber:
A notícia que falta
Aprofunda tua falta
Chega a me corroer.
Pensar que não sou mais nada pra ti
Tira minha capacidade de sorrir
Não consigo nem me alimentar.
Só teu amor me deixa com fome
Mas a saudade me consome
Fico em meu quarto, amofinado
A sonhar contigo ao meu lado.
Uma angústia se espalha
Por todos os cantos da casa
Desce ao fundo do peito uma dor
Ouço avidamente "Se houver amor maior".
Tento, com isso, te trazer de volta
Nada na vida me conforta
É insuportável imaginar
Que estás a me ignorar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário