Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Ilusão


O que te prendeu a mim
Não foi o jasmim
Nem o cravo
Nem a canela
Foi ela.
Esta ilusão de felicidade
Que parecia ser eterna.
Não passou de ilusão
Mas, não digo que foi decepção
Como TUDO na vida
A saudade é sofrida
Mas, marca
O que és para mim.


quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Tormento


Este meu isolamento
É um tormento.
Mas, espero que você entenda:
Quem quer faz
Sempre dá um jeito
Se tem gosto de quero mais.
Só não se faz
Se o amor
Deixou de ser a meta
O alvo
E virou apenas mais um motivo de tormento.


quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Água e gás


Em nós ardem água e gás
Não é como tanto faz
Uma acende e queima
Outra, apaga e reina.
Enquanto há salivação
Aplaca a minha sede
Mas, dentro da rede
Aumenta o meu tesão.
O ar estava rarefeito
E virou fogo, sem jeito
Nossa estranha paixão
Chegou a queimar o chão.
Água saiu de nós
Dos nossos suores
Mixou as vozes
E os nossos odores.