Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Calma

Falta algo em mim
Talvez levado por ti
A cada hora que te vais
Meu corpo te pede mais.
Mais tem colo, teu cheiro
Teu límpido jeito brejeiro
De se me apresentar dengosa
E esconder o quanto és gostosa.
Ainda bem que pra mim
Mostras até a alma
Por isso me entrego assim
Com volúpia e calma.
Para que o momento
Pareça uma eternidade
E o prazer do sentimento
Esteja até na saudade.


terça-feira, 29 de abril de 2014

Chicotear

Todas as horas
Do dia e da noite
A solidão
Me vem como açoite.
Chicoteia meu corpo
Coma a tua saudade
Vejo o teu escopo
Por toda a cidade.
É como um castigo
Ou um pesadelo
Tê-la em mim
Sem tê-la comigo.


segunda-feira, 28 de abril de 2014

Despedida

A hora da despedida
Nem sempre é entendida
Como o primeiro passo da volta.
Desde que essa ida
Não seja de forma rompida
E nem deixe corrompida
O mágico da relação.
Porque mágico e esperar
Sonhar com os teus braços
Lembrar de cada abraço
Do nosso jeito de amar.
Sofro na ida
Sonho com a volta
Te faço querida
Amo-te sem escolta.


domingo, 27 de abril de 2014

Homeopaticamente

Sem você,
Morro aos poucos
Homeopaticamente
Vivo-morto diferente
Profunda dor que me dói
Maior que a dor que sentes.
É como se por entre os dedos
Fossem embora nossos segredos
Minha alma vai no bagageiro
De voo comercial ou cargueiro.
Levas contigo minha vida
Sem que haja despedida
Morto-vivo fico aqui
E esperar por ti.


sábado, 26 de abril de 2014

Festa

Vejo o tempo passar
E o vento bater na janela
Nunca imaginei te amar
E jamais pensei que fosses ela.
A mulher da minha vida
Tudo o que eu poderia sonhar
Ser teu homem, querida
E viver pra te amar.
Um ano de entrega é pouco
Sou teu pra vida inteira
Quero manter-me louco
Ainda que você não queira.
Não sei como fui te amar assim
E me entregar por inteiro
Você é festa pra mim
Todo mês é fevereiro


sexta-feira, 25 de abril de 2014

Plenamente

Querer-te é meu castigo
Por não tê-lo plenamente
É por conseguir roubá-lo
Que consigo ser contente.
Ainda que eu fuja
Por algumas horas
E em seguida
Me vá embora.
Meu peito chora
Choras comigo
Dói sempre fingir
Que és meu amigo.
Finjo assim mesmo
Por acreditar
No quase-milagre
De sempre te amar.


quinta-feira, 24 de abril de 2014

Encantos

Os sons que emites
Seriam quase um acinte
Se eu não fosse a ouvinte
E não te amasse sem limites.
Mas como amo perdidamente
Teus roncos parecem cantos
Acordada, só, desesperadamente
Ainda aumenta meus encantos.
Impressiona-me tua capacidade
De se entregar a Morpheu
É tamanha a cumplicidade:
Dormir assim virou sonho meu.
Por mais que busque, não encontro
Explicação para tanto encanto
Como pode um quase-demônio
Agora ser meu, pleno e santo?


quarta-feira, 23 de abril de 2014

Pulsações

Sinto o teu pulso
Em impulso, tua alma
No refluxo, teu ser
Essência da calma.
Que não existe
Se estou ao teu lado
Desejo persiste
E é extremado.
Por isso ele pulsa
E o sangue ferve
Em jatos expulsa
Meu gozo de neve.


Meu desejo

Quero-te inteira
Quase sem eira
Pelas beiras
Noites inteiras



OBS: Post do dia 22/04/2014

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Na madrugada

Sinto arrepios só de pensar
Nos teus toques, no teu beijo
É quase impossível controlar
Tanto tesão e tanto desejo.
Basta pensar que serei tocado
Que a mente se entrega ao pecado
E antecipa com intenso furor
Nossos futuros momentos de amor.
O corpo ganha vida, os pelos sobem
Sinto cada milímetro de excitação
Passo a salivar: teus cheiros me movem
Penso em teus gemidos: vem a excitação.
A voz muda o tom, fico meio dengoso
A respiração fica mais acelerada
De longe, nem toco, mas me chega o gozo
És minha, em sonho, em meio à madrugada.


domingo, 20 de abril de 2014

Quatro estações

Tenho pouco a dizer
Do muito que só sei sentir
De o que na vida fazer
Dedico-me TODO a ti.
Horas e horas de pensamento
Meu infinito sentimento
Gotas de sofrimento
São tuas, até este lamento.
Sou teu, inteiro e por inteiro
De dezembro a janeiro
Nosso amor em quatro estações
Feito de dores e infinitas emoções.
Por isso a estação do amor
Se faz maior que a da dor
Teremos outonos e invernos
Amor de feitos eternos.


sábado, 19 de abril de 2014

Calado

Por mais que eu fique calado
Estarei sempre ao teu lado
Como um anjo, um protetor
A transpirar pingos de amor.
Nosso suor alimenta
Essa paixão que aumenta
Desejo nada passageiro
Amor mais e mais verdadeiro.
Entra pela porta do desejo
Sai na explosão do beijo
Entra e sai cada vez mais rápido
E descansa em um longo abraço.


sexta-feira, 18 de abril de 2014

Ato divino

Contigo não faço amor
Pratico um ato divino
Como uma pura flor
E a pureza de um menino.
Por isso divino é o teu corpo
De um ritual que me deixa louco
Amor que se faz em oração
Feito de extremos desejos e tesão.
És a entidade que me dá vida
E te faz pra mim mais divina
Quero-te para a vida inteira
Minha e mulher: verdadeira.


quinta-feira, 17 de abril de 2014

Corrói

A dor da saudade dói
Aprofunda e corrói
Nas profundezas da alma
Aguda forma de trauma.
É como se cada um dos ossos
Sofresse fratura por fadiga
E o fio fino da navalha
A carne rasgasse à fadiga.
Dor nenhuma é mais forte
Amo-te em vida, em morte
Quanto mais profunda for a dor
Mais intenso será o meu amor.


quarta-feira, 16 de abril de 2014

Pré-datada

A solidão é companheira
Pré-datada como um cheque
Antecipa-se, vem ligeira
Quer por meu amor em xeque.
Sofro por antecipação
Como uma ave natalina
Saudade de antemão
Tem cheiro de naftalina.
Parece velha mas se renova
Quando o não te ver fica prolongado
Ainda bem que o meu sentimento
É tão longo quanto um feriado.
Saudade danada e pré-datada
Tem hora para começar
Que eu não te esqueça por nada
E viva pra sempre te amar.


terça-feira, 15 de abril de 2014

Na pele

Sinto na pele
Teu jeito de fêmea
Minha alma gêmea
Que a libido impele.
Um cheiro explode
Viro bicho no cio
Sorvo gotas de rio
Toco tua nascente.
Enterro, dente a dente
Meu desejo ardente
De em ti tocar
E poder te amar.


segunda-feira, 14 de abril de 2014

Aos teus pés

Existe pouco de mim
Desde que comecei a pensar em ti
Sei que de mim não és
Mas estou aos teus pés.
E é por estar aos teus pés
Que de mim não sou nada
Sou todo teu e de mim és
Vem ser toda minha amada.


domingo, 13 de abril de 2014

Temporária

Dói demais a separação
Ainda que temporária
A saudade entra em ação
Parece ser centenária.
Entra como se cortasse
Cada fio de carne
Sinto até vontade de chorar
Com esta dor que em mim arde.
Quisera seja temporária
A imensa dor que me invade
Vem ser minha honorária
Ao menos ao cair da tarde!


sábado, 12 de abril de 2014

Menestrel

Viver a cantar o amor
Assim como decantar a dor
É o ofício de quem optou
Por cultivar o que a saudade deixou.
E o que a tua saudade me deixa
É uma sensação espessa
É que estás comigo onde
Até o perto parece longe.
Ainda assim não desisto
Sonho em tê-la e insisto
Um dia serei teu a cada dia
Serás meu encanto e magia.
Então, cantarei ainda mais forte
Nosso amor, para além da morte
Bendito seja Deus que te fez
Minha, pra sempre, cada vez.


sexta-feira, 11 de abril de 2014

Corsário

Bate uma tristeza profunda
Uma saudade furibunda
Quando chega a sexta-feira
E fico sem eira nem beira.
Completamente solitário
Em mar, navio corsário
A buscar sentido para a vida
Vítima de uma surpresa atrevida.
Por que me deixei apaixonar
Ser teu e você me tomar
Se estou como um barco à deriva
Você, ponto no horizonte, longe da vista.


quinta-feira, 10 de abril de 2014

Sem notícias

É quase uma tortura
Conviver com o teu silêncio
Com a falta de um oi
Como no dia de hoje foi.
O dia perde o brilho
O mundo muda de cor
Minha vida sai do trilho
Vazio que provoca dor.
Deixo de ser eu
Se longe de ti estou
Meu dia escureceu
E a noite amarelou.
Como estás, o que fazes?
O coração pulsa perguntas
Que passem logo essas fases
Nossas almas querem estar juntas.


quarta-feira, 9 de abril de 2014

Renovada

Tua juventude é renovada
Cada vez que nos cruzamos
Quando damos uma olhada
Que marca como nos amamos.
A força se concentra no olhar
No jeito de cada sorriso
Vivo só para te amar
E me orgulho disso.
A esperança se renova
De tê-la a todo momento
Não como uma lembrança nova
Pra sempre no pensamento.
Quero estar ao teu lado
Até o fim dos meus dias
Eternamente enamorado
Motivo das minhas alegrias.


terça-feira, 8 de abril de 2014

Toques

Meus olhos de desejo tocam tua pele
Levam impulsos elétricos que me impelem
A sonhar com cada milímetro do teu corpo
Acordado, como se fosse um louco.
Pouco importa o lugar
Vejo-me a arrancar
Com carrinho a tua roupa
Num ritual que te deixa louca.
Se fecho os olhos é ainda pior
Nossos corpos se grudam a fazer amor
Fico completamente umedecido
E vejo teus mamilos intumescidos.
Ninguém consegue perceber
Mas gozo só em te olhar
Tocar-te com os olhos provoca explosões
Em jatos de gozo demonstro as emoções.


segunda-feira, 7 de abril de 2014

Ponderação

Tento ponderar
Sobre a intensidade do amor
Que a ti dedico todas as horas
Todo o meu tempo a dispor.
Mesmo que não disponha
De todo o tempo do mundo
E ainda que você se oponha
Meu amor por ti é profundo.
Maior que a profundidade
Dessas gotas de saudade
Que assolam os meus dias
Com intensas agonias.


domingo, 6 de abril de 2014

sábado, 5 de abril de 2014

Eu te venero

Não quero, não devo
E não perderei
A pessoa que mais quero
Porque amor é pouco para o que sinto
Verdadeiramente eu te venero.
Com uma santa adoração
E um inesgotável tesão
És mulher, fêmea
E o que mais eu quiser
A ti dou qualquer parte do corpo
Nosso ritual de entrega e fé
Gozar é nada e mais um pouco.
Do purgatório nosso almas saem
Eu gozo, tu gozas, gozos se esvaem
Não há cansaço, só fúria de amar
A ti entrego até minha vontade de se entregar.


sexta-feira, 4 de abril de 2014

Do teu beijo

A vida é resultado de implosões
Improváveis rasgos de paixões
O fino fio da dor
Explode em rios de amor.
Braçadas de sofrimento
Valorizam o segundo, o momento
Que temos para ficar juntos
No olho deste furacão.
De emoções enlouquecedoras
Que liquidaram de vez
Rastros de sensatez
Que eu pensava portadora.
Hoje sou escrava da loucura
Do desejo, da paixão
Descobri o que não sabia
Por conta da nossa magia.
Lutei, luto e lutarei
Para me libertar deste desejo
Sei, porém, que jamais vencerei
Sou completa escrava do teu beijo.


quinta-feira, 3 de abril de 2014

Faces da dor

Quanto mais sentimento
Maior é o sofrimento
Nunca se engane com o amor
Ele é a outra face da dor.
Tua falta é um vazio
Impossível de suportar
Mas se vazio eu não quisesse,
Por que me deixei te amar?
Que longe de ti eu viveria
Até o fim dos meus dias
Sempre foi a única certeza
Por que, então, acreditar,
Em milagre da natureza?
Fomos além do impossível
Mais longe que o desejável
Por conta de um amor incrível
E de uma dor insaciável.
Meu coração foi arrancado
Vivo feito um zumbi
A vagar dilacerado
Por que, Meu Deus,
Você não está aqui?


quarta-feira, 2 de abril de 2014

Fragmentos

Fragmentos de o que fomos nós
Saltam e brincam na lembrança
A apontar o que seremos
Caso feneçamos e deixemos
O cutelo da vida profissional
Esfacelar a jugular
De um amor supremo e passional
Feito de lágrimas, suor e muita saudade.


terça-feira, 1 de abril de 2014

Mortes

Sinto um vazio
Um não sei quê de solidão
Ao te sentir tão distante
Embora perto do coração.
Tua frieza é um punhal
As ironias, fundos cortes
Ferem de modo proposital
Provocam pequenas mortes.
Morrer em vida é viver
Em tristeza permanente
Só não me tira o querer
De te amar loucamente.