Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Vai


Você na minha vida
Tem gosto de despedida
Porque quase não vem
E quando vem, se vai.
E ao ir, aqui fico
E mais me sacrifico
Por não ter você
E nem te esquecer.
Vai, segue teu caminho
Que sentirei o carinho
De como fui amado
E ficou no passado.
Tudo o que fizemos
E ainda queremos
Mas, a vida se esvai
E o sonho não sai.


terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Pedestal


Tenho de admitir
Está difícil resistir
Tua falta me mata
Feito surra de chibata.
Fere, o peito sangra
Dor com suco de manga
Rasgos, o sangue desce
Derrame em forma de prece.
Clamor, gosto de sangue
Comida colhida no mangue.
Você aí no pedestal
E eu aqui no lamaçal
Enfiado todo na poça
Saudade que me destroça.


segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Maldade


Permaneço vivo
Naquilo que preciso
Para não esquecer
Que amo você.
Com a força inexplicável
Que um amor incrível
Do nada surgido
Por nos ter surpreendido.
E de tanto nos tocar
Redescobrimos o amor
Assim como a suportar
Nossos momentos de dor.
De estarmos separados
Embora apaixonados
A conviver com a maldade
De uma vida de saudade.