Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Prece

Agradeço aos deuses
Em devoção
Em oração.
Em forma de prece
Tudo o que me destes.
Ano da minha vida!
Amor da minha vida!
Presente da minha vida!
Precioso
Valoroso
Amoroso!
Minha prece
Agradece
Tu, joia, preciosa prece de quem não te esquece!


segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Intermitente

O dia amanheceu com uma chuvinha
O barulho da água na telha
Reacende a centelha
De um desejo que dorme esporadicamente
Enquanto TUDO não me sai da mente.
Queima, arde.
Invade-me com uma saudade intermitente.


domingo, 29 de dezembro de 2013

Distante

Longe.
Fico assim por não estar contigo.
Perto.
Estás comigo mesmo quando longe.
Distante.
É um lugar que não existe se há amor.
Amor.
É você, sinônimo de TUDO para mim.
Distante, perto, estou assim.


sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Puros

Puro amor
Puro desejo
Puro tesão.
Pura vontade
Pura loucura
Pura paixão!
Puros seres
Nascidos da impureza real
De uma vida de puras dúvidas:
-Não sei se é certo ou errado te amar.
Mas, tenho certeza que jamais vou te deixar.
Esta sim é a minha mais pura certeza!


Cego

Paixão cega
Encobre defeitos
Realça qualidades
Inocula saudade.
Amor é ajuizado
Sensato
Equilibrado
Terno
De entrega total.
Amo-te!
Cego e loucamente.


quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Tempo

O tempo é apenas uma marca arbitrária
Criada arbitrariamente
Para controlar a mente.
Por mais que arbitrária a mente
Minta pra si
Para eu lembrar de ti.
Infinita é a linha
Do tempo
Da vida
Do minha espera
Para ter (sempre) o teu amor.


quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Rapto

Desde quando entraste na minha vida
Passei a confundi-la com a tua.
Como se todas as demais lembranças fossem raptadas
E substituídas por um arquivo que só tem você:
Memória completa do meu humano HD.


terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Sempre

Longe não estás
Se estou presente
Para o todo e sempre.
Vejo-te entrar
Pela porta entreaberta
Ainda que esta entrada
Seja mais e mais incerta.
Ainda assim quero-te, venero-te
Num sempre que tende ao infinito
A vida transforma-se em eternidade
Quando o amor alimenta-se até da saudade.


segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Adoração

Sinto-me oprimido pela saudade
Por um desejo de te ter mais tarde
Sem poder tê-la a hora que quero
Linda, amor que venero.
Entrego-me ao ritual
De amá-la sem tocá-la:
Platônico amor real
Rito de entrega total.


domingo, 22 de dezembro de 2013

Apelos

Apelo para que não apares teus pelos
Pois se há pelos excito-me mais
Ao vê-la avolumada Vênus
Reajo feito uma rapaz.
Que em tenra juventude
É só desejo e saúde
Demonstra sempre ser capaz
Até quando parece não querer mais.


sábado, 21 de dezembro de 2013

Em pelo

Apraz-me vê-la em pelo
Os pelos negros sobressaem
A vulva íngreme entre montes
De Vênus, grandes lábios se abrem.
Quando a Vênus aveludada se esvai
Pelos se encrespam em desespero
Salivo inodoro líquido lingual
Sorvo-te em cada espasmo salival.


sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Supremo

Amar-te é um ato supremo
De um olimpiano Deus da criação.
Dou-te uma face,
Beijas!
Dou-te a outra,
Tens. agora, os lábios,
A boca,
O corpo.
Louco, estelar. Divido prazer de te amar!


terça-feira, 17 de dezembro de 2013

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Entrega

Deixo que toques meus corpo com a ponta da língua
Sem nenhuma barreira para que distingua
Quais pontos queres ou não tocar.
No dedo do pé sinto a fêmea felina
A vencer a panturrilha e no centro parar.
Vire-me e faça bom uso
À tua maneira, eu-obtuso!


domingo, 15 de dezembro de 2013

Sono

Fecho os olhos nosso filme passa
Ultrapassa o limite do real.
São cenas tão tipicamente picantes
Que pareço jamais tê-las vivido antes.
Talvez, por isso, não abra mais o olhos
E apague em sono profundo
De que adianta acordar sem tê-la ao meu lado?
Quando, no sono, és meu mundo!


sábado, 14 de dezembro de 2013

Petrificação

Do meio daquela escuridão imensa
Surge um feixe de luz.
Uma abertura que me conduz
A dirigir o olhar, colar o olho na fresta.
Estás completamente nua, aberta.
Não tive coragem de deixar minha sombra ser traspassada por aquela luz.
Até hoje lamento a petrificação que me provocou aquele monte (de Vênus).


sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Meu território

Encontro-me permanentemente nos limites do teu corpo
Que traça toscamente os finitos limites da alma.
Em ti e por ti nascem estranhos desejos
Perfilados incensos fortes
Que exalam de tuas íntimas fontes.
Mananciais nos quais limito meu território pra demonstrar o quanto te adoro.


quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Painéis ambulantes

Percorro as vitrines com olhos de saudade
Em cada detalhe consigo de sentir
Espectros andantes nesta nova cidade
São painéis ambulantes: um pouco de ti.
Parecem bailar como em slow-motion
A buscar lá no cérebro um pouco de nós
Distraído com a dança, nosso e-motion
Chego a delirar, a ouvir tua voz.
O corpo dá sinal, a pele arrepia
Lentamente sinto que me acaricias
Ergo os olhos, por mim passa a cidade
Você passeia em mim: surto de felicidade.
Presente estás, em tudo o que faço
Nos painéis ambulantes efetivo o laço
Em delírio te amo pra vida inteira
Como se ainda estivesse em Sena Madureira.


terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Gosto

Gosto de sentir o gosto
Deste teu gozo gostoso
Se fosse ar seria gasoso
Do sólido para o gozoso.
Mistérios de quem goza, gozosos
O gozo misteriosamente vem
Até que meu líquido vire gasoso
Porque do gozo líquido nada mais tem.
Meu mel afina, afino também
O grito da garganta já não sai
Com os lábios cerrados o golpe vem
E a força que me resta se esvai.
Sugas até o ar que respiro
Já não solto nem um espirro
As últimas gotas do que era um espasmo
Transformam meu líquido em algo fino e raro.
Como rara é a vez que te olho e não gozo
Com espanto na cara, parece que sofro
O grito de fera é tão silencioso
Pare até que nem sinto teu gosto.


Ardentes

Este nosso amor da gente
A mim me faz adolescente
Passo a agir como um infante
Nervoso, mas segue adiante.
O ar parece faltar
Lá no fundo do pulmão
Dá vontade de te amar
Até com a palma da mão.
Espalmo e começo com os dedos
A descobrir teus segredos
É possível que adores
O deslizar no clitóris.
Gritas, quando um deles entra
E explora tua fenda
Às vezes parece dor
Mas é puro prazer, é amor.
Nem sequer olhos pros lados
Mordo teus lábios, teus dentes
Línguas se engolem, sufocados
Corpos enlouquecidos e quentes.
Querem mais, ao mais se terem
Não há barreiras a vencerem
Cada orifício explorados
Arfantes, corpos ainda colados.


domingo, 8 de dezembro de 2013

Inseguro

Olho pra janela aberta
Já não consigo ver mais futuro
Quando penso que mais estás certa
Você me deixa completamente inseguro.
Qual o sentido de amar?
Se pra nós não há mais sentido
O coração vive a pulsar
Por algo que é proibido!
O sentido de te amar
Não tem nada com razão
É puro ato de desejar
Faz parte da imaginação.
Ainda que saiba disso
Mantenho o compromisso:
Amo-te pra toda vida
Inseguro, mas, sem medida.


Tormento

Convivo com este nó na garganta
Que desde ontem me espanta:
Dias de intensa felicidade
Outros de tormenta e saudade.
Às vezes fica a impressão
De que amar é tudo em vão
Não basta estar apaixonado
E não ter quem se ama ao lado.
Tenho de ser de gelo
Para não sucumbir
Ao sacrifício, ao desvelo
De estar longe de ti.
Angústia e arrependimento
Parecem te atormentar
Fico inseguro, em sofrimento
Poderei, ainda, te amar?


sábado, 7 de dezembro de 2013

Meu alimento

Tento entender o amor
Temperado pela dor
Com pitadas de sofrimento
Ainda assim és meu alimento.
Difícil entender a paixão
Combustível do tesão
Que empurra nosso desejo
Mesmo quando não te vejo.
Basta pensar em ti
E nos momentos vividos
Para começar a sentir
Algo antes, nunca sentido.
Sou teu, inteiro, e te encaixo
Nas narinas, teu olfato
Satisfazem, em mim, o macho
És minha fêmea de fato.


sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Presente

És o presente mais valioso
Que Deus pôde dar a um homem
Ainda que conviva com um desejo furioso
E uma paixão que a mim consome.
Que me tira o juízo
Derruba as estruturas
Arrasa convicções
Em intensas emoções.
Coração bate mais forte ao te ver
Fico "te querendo" sem te ter
O corpo dá sinal imediato
Até por meio do olfato.
Sinto o teu cheiro de fêmea
Salivo o teu gosto de mulher
Sorvo em cada poema
Em tudo você também me quer!


quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Meu sentir

Sinto-me teu, embora não seja
Mas se o fosse, melhor não seria
Por mais que nem todo dia te veja
Está comigo dia após dia.
Na alma, no sangue que corre
No corpo, desejo não morre
A ti entrego minha vida
Ainda que reprimida.
Por este sentir maior que o desejo
Que se avoluma no toque, no beijo
E me transforma em prisioneira ave
Que se supera em cada entrave.
E se faz tua, mesmo que presa
Escrava do sorriso e da beleza
Deste jovial rosto de mulher
Quanto mais quero, você mais quer.


terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Além das nuvens

Quando estou na terra comigo estás
Para além das nuvens também
A cada segundo nossos rituais
A mim fazem dizer amém.
Pelo desejo de tê-la em mim
Minha estrela, amor sem fim
Ao longe, piscam, a me avisar
Em pouco tempo chegas pra me amar.
Singram o ar minhas fortes lembranças
De cada momento vivido contigo
Flocos de neve trazem esperanças
De tê-la em breve comigo.
O sol brilha ao longe, luzes da cidade
Anunciam a chegada de quem te ama
Tiramos à distância toda a saudade
Quando os corpos queimam e rolam na cama.

Sem dormir

Pego-me sentado na ponta da cama
A encobrir as pernas com o edredom
O coração a pulsar que te ama
A mente a oscilar de tom em tom.
Como se fosse uma valsa vianense
A lembra tudo de ruim e bom
Que dos teus lábios em nonsense
Despedia-se com um good afeternoon.
Amo-te com todas as forças
Mas não esqueço teu ar impassível
Mão lavadas como se fossemos louças
A falar de algo impossível.
Ou que nunca tenha sido tratado
Em qualquer conversa anterior
É pecado inominado
Misturar trabalho e amor.
Ponho a cabeça no travesseiro
Sinto-me como se fosse um embusteiro
Um arrivista, uma saltimbanco
A arrumar-me, em sinecura, um canto.
O sol aparece, pássaros entoam
Cânticos que mostram o alvorecer
Noite se foi, que as dores doam
O amor é maior e nada vai doer.
Não preguei os olhos, a fronte lateja
A noite sem dormir, por pior que seja
Não dói, tão a fundo nem dilacera
Quanto o pesadelo de jamais tê-la!


segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Superação

Tento me livrar da saudade
Mas tua falta é a maior aflição
Não terei, eu, a liberdade
De te amar com inteira paixão?
Ou os meus dias serão de castigo
Do pecado de não tê-la comigo
A conter sempre todo o tesão
Pra viver em eterna superação?
Se o for, que assim seja para o todo
O sempre e até mais uns dias
Que possamos usufruir do gozo
Dos momentos de intensas alegrias.
Eu supero, tu superas, superamos
Pela força do que juntos sentimos
Se um do outro nos alimentamos
É honesto, pois, jamais fingimos.


domingo, 1 de dezembro de 2013

Últimos segundos

Quero te amor com doçura
Até os últimos segundos
Enquanto vida e loucura
Forem razão dos nossos mundos.
Vida pra te querer
Te amar até não mais poder
Arrepiar-me até de longe
Com o que me respondes.
Loucura para pular muros
Fugir por portas e janelas
Aproveitar sombras e escuros
Para me deliciar em tuas carnes belas.
E explorar tua Geografia
Até o fim dos meus dias
Mordê-la de um jeito forte
E gozar até que chegue a morte.