Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

sábado, 31 de dezembro de 2016

Porre

É forte
Teu gemido me envolve.
E me consome
Tomo um porre.
De desejos
Em teus braços
Teus beijos
Dissolvem-se!
Espalham-se
Pela casa
Sala em sala
Nada cala
Teus gritos e urros
De prazer
Em me ver
E me ter.
Amor que não porre
Nosso porre!


sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Consagrado

Impossível ser pecado
Este amor exagerado
Que começa no banheiro
De lá se vai o ano inteiro.
Pelas paredes da casa
Escondido até no carro
Na hora que te agarro
Nosso gozo extravasa.
Desce no canto dos lábios
É conhecimento dos sábios
Por isso teus lábios sorvo
Sempre na hora do gozo.
Tanto mais gozo, mais quero
Em nós, TUDO exagero
Por ser tão exagerado
Nosso amor é consagrado.


quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Profundo

Nosso filme se refaz
A cada novo sonho
Toda hora que vais
Então, me exponho.
A uma intensa saudade
Travestida de bondade
Dói no corpo e na alma
E me provoca trauma.
Pela dor que é imensa
E não deixa recompensa
Fica apenas o desejo
De te roubar outro beijo.
Que seja tão profundo
E nos provoque tontura
Para mudar nosso mundo
E vivermos na loucura.