Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

domingo, 25 de dezembro de 2016

Sonhei contigo

Depois de tantos anos juntos
Sonhei contigo ao me lado
Estávamos dentro de um carro
Entre sobressaltos e sustos.
Você soltou o cinto de segurança
Sentou-se assim meio de lado
Sugeriu a minha mão: avança!
E eu completamente abobalhado.
Sem saber o que fazer
Via nos teus olhos prazer
Perdi até a direção
Sem saber onde por a mão.
De ti não ouvi palavra
Teu olhar sobre mim avança
Como se estivesse com fome
Mesmo desejo que me consome.
Foi com espanto que acordei
Sem ao menos ter te tocado
Confesso, depois te amei
Feito um desesperado.
Porque como prega o ditado
Sonhos devem ser vividos
Jamais devem ser contados
Ainda que sejam sentidos.


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