Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quinta-feira, 31 de maio de 2018

Teu olhar


Acredito que um dia
Talvez retome a alegria
De estar ao lado de novo
De quem amo no todo.
Cada detalhe do corpo
Todos os gemidos, o gozo
Aquele desejo no olhar:
O jeito de me chupar.
Cada milímetro do corpo
O modo como põe na mão
E demonstras todo o tesão.
Com o teu olhar, já gozo
Só pela força do desejo
Aí estremeço todo
Quando sinto o beijo.
E a força do teu olhar
Ávida a me chupar
Como ele todo na boca
E um olhar meio-louca.
Começo a gritar e gozo
Dentro da tua boca
Do teu natural copo
Não escapa uma gota.


quarta-feira, 30 de maio de 2018

Masmorra


Estou sem saber o que fazer
Por não saber o que dizer
Esta dor é sentimento universal
Fruto de um amor anormal.
Fosse normal, eu não estaria
A sofrer nesse canto só
Sem saber o que é alegria
Ninguém tem um pingo de dó.
Nem você de mim se compadece
Não quer saber de nenhuma prece
Posso morrer aqui nesta masmorra
Sem que nada você sofra.
E eu aqui neste fel
Preso em um quarto-de-hotel
Deus queira que eu não morra
Preso nesta masmorra.


Esquecimento


Quando você não é mais
O que um dia pensou ser
Vira um tanto fez, tanto faz
Nenhum momento de prazer.
Os contatos sumiram
As ligações minguaram
O prazer que era dela
Foi-se pela janela.
Cada um dos eventos
Que lembram os momentos
Juntos vivenciados
Ficaram lá no passado.
Hoje o esquecimento
Aumenta o sofrimento
Vivo, aqui, isolado
Completamente ignorado.


OBS: Post do dia 29/05/2018