Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

segunda-feira, 21 de maio de 2018

Agarro


Eu e você no carro
Uma carícia, te agarro
Você nem finge se soltar
Entre abraços, vamos ao mar.
Você me agarra, eu te agarro
E começamos a tirar sarro
Até que as mãos se entrelaçam
E nossos corpos se abraçam.
O quarto é o nosso carro
Não te seguro, me amarro
Quando roças o teu seio
Prevejo o gozo que não veio.
O teu toque me excita
Você fica mais bonita
Neste modo se entregar
E te agarro sem pensar.
Sinto o teu aperto forte
Minhas carnes, com ternura
Recebem como toda sorte
Sinais da nossa loucura.


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